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Dinheiro se aprende a gastar na infância
Soraia Abreu Pedrozo
08/05/2011 | 07:19
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Nario Barbosa/DGABC


 

A pequena Nathalia Guaipuru, de apenas 8 anos, já aprendeu a pesquisar preços antes de torrar sua mesada, e a poupar o excedente em seu cofrinho. Desde os 7 anos, quando começou a ir para a escola, ganha R$ 10 por semana. Uma de suas primeiras aquisições foi um casal de periquitos. "Ela estava guardando dinheiro para comprar uma calopsita mas, quando chegamos à loja e ela viu que custava R$ 90, a trocou por dois periquitos, uma gaiola e alpiste que, ao todo, custavam a metade do preço da ave, R$ 45", conta o pai, o administrador de empresas Marcelo Guaipuru, morador de Santo André.

O senso de economia, segundo o pai, foi criado com o hábito de receber uma quantia semanal. "Quero que ela aprenda desde já a administrar seu próprio dinheiro, por isso começamos a dar a mesada a partir do momento em que ela aprendeu a fazer contas de soma e subtração", lembra. Hoje, Nathalia possui em seu cofrinho R$ 110.

Sua outra filha, Laura, tem 12 anos e ganha a mesma quantia. Porém, antes de sua irmã passar a receber mesada, ela gastava tudo de uma vez e, muitas vezes, terminava a semana sem nada. "Se acaba, eu não dou mais, pois quero que ela tenha responsabilidade com seu dinheiro. Tanto que, muitas vezes, ela pede emprestado à Nathalia, que cobra juros à irmã, que se empresta R$ 2, recebe R$ 3."

Como Guaipuru possui um restaurante, nas férias de janeiro começou a levar Laura para ajudar a mãe atendendo ao telefone. Por dia, ela ganhou R$ 10 - o que normalmente recebe em uma semana. "Um dia dissemos para ela que ficasse em casa, mas ela não quis saber, pois era um meio de ganhar mais dinheiro, e sabendo de onde ele vem."

Toda essa história vai exatamente ao encontro do que a consultora financeira Dora Ramos, da Fharos Assessoria Empresarial, apregoa.

"Para se tornar um adulto responsável com suas finanças, é preciso dar essa noção desde criança, preferencialmente a partir do momento em que ela vai para a escola e precisa de dinheiro para comprar o lanche na cantina", aponta. "Afinal, é muito fácil a criança achar que o pai não vai dar mais dinheiro porque ele não quer, e não porque ele não tem. É preciso prepará-la para lidar com a limitação do dinheiro."

Para Dora, é importante que os pais deixem nas mãos dos filhos a escolha de um passeio da escola, por exemplo, e que eles participem do pagamento com parte da mesada. "Mesmo que seja com valor irrisório, como 10% do total. Apenas para que eles já criem essa consciência de que a vida é feita de escolhas."

Em relação a quanto dar de mesada, a consultora afirma que isso vai de acordo com o orçamento de cada família, mas o ideal é não passar de R$ 100 a R$ 150. "Senão, se dá muita liberdade para a criança, e isso pode tirar a tranquilidade dos pais, dependendo do que ela vai comprar."

Se o valor for mais alto, Dora aconselha que a criança pague integralmente algumas de suas contas, como a fatura de seu celular ou que coloque seus créditos.

Conforme o filho vai crescendo, torna-se fundamental que passe a participar de suas futuras despesas. Por exemplo, se quer um videogame, é preciso primeiro poupar, e contribuir com parte do valor. "É a hora de reforçar o conceito de poupança para investir em seus próprios sonhos, como um carro, uma viagem ou a faculdade, em vez de parcelar no cartão de crédito, que dá tanta dor de cabeça aos adultos."

Laura, apesar de ter apenas 12 anos, graças ao ‘trabalho' no restaurante do pai, já fala que quer ser nutricionista ou chef de cozinha. Não fosse isso, talvez ela ainda só pensasse em suas bonecas.

 




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