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Combate à violência nas escolas pode ser referência
Deborah Moreira
Do Diário do Grande ABC
26/06/2010 | 08:11
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Projeto que começou há quase três anos em São Bernardo pode se tornar modelo de política para tratar a violência nas escolas públicas no País. A Parceria na Construção de uma Cultura de Paz no Ambiente Escolar ou Programa Força Tarefa, como é mais conhecido, envolve diversos órgãos do município, Secretaria Estadual de Educação e entidades que atuam diretamente com jovens e adolescentes. A iniciativa foi da Promotoria de Justiça da Infância e Juventude da cidade.

Em entrevista ao Diário, a promotora Vera Lúcia Acayaba de Toledo, adiantou o que vem sendo feito em conjunto com os órgãos e que será apresentado na primeira quinzena de setembro.

Trata-se de um material pedagógico elaborado pelos especialistas, composto por caderno informativo e dois vídeos para educadores e estudantes. Há sete anos ocupando o cargo, a promotora comemora o sucesso do projeto, afirmando que o resultado é fruto do trabalho em equipe e do envolvimento voluntário de todos. A seguir os principais trechos da entrevista:

PARCERIAS - "Em agosto de 2007 a promotoria de infância instaurou inquérito civil para apurar o grande número de alunos praticando atos infracionais nas escolas públicas, que vem crescendo (...) Acionamos representantes dos órgãos para atuar em equipe porque o trabalho isolado não gera êxito. Entre eles estão secretarias municipais como de educação e Saúde, Diretoria de Ensino, Polícias Civil e Militar, Fundação Criança, Conselho Tutelar, além da Universidade Metodista, Faculdade de Direito de São Bernardo."

DE QUEM É A CULPA? - "É costume culpabilizar escola ou família. Mas a sociedade precisa parar e pensar no papel que cabe a todos, inclusive no ECA (Estatuto da Criança e Adolescente) está descrito que cabe ao Estado, família e sociedade (...). A partir da análise dos casos, a Força-Tarefa constatou que a maioria deles está relacionada à saúde, como déficit de atenção, hiperatividade. Há muitos casos de encaminhamento psiquiátrico. O entorno da escola também influencia. Nos casos mais graves há roubo e tráfico de drogas, juntos, e até prostituição infantil (...). Também observamos falta de incentivo dos pais, com baixa escolaridade, o que estimula evasão escolar; e violência doméstica, agressão de pai e mãe contra filho, que se identifica com esse agressor e passa a ter a mesma atitude na escola."

BULLYNG - "O constrangimento entre colegas e até partindo de um professor foi bastante relatado. É difícil extrair esses dados de quem sofre a agressão, normalmente verbal."

ATENDIMENTO E EFICÁCIA - "Foi criado fluxo para atendimento dos casos de violência leve e média, que será centralizado na Sedesc (Secretaria de desenvolvimento Social e Cidadania). Ela vai encaminhar para órgãos da rede conforme o caso: ao Crami (Centro Regional de Atenção aos Maus Tratos na Infância) nos casos de violência sexual ao Caism de violência doméstica ao Caism (Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher). O programa está aí. O ECA está aí. Não precisamos mais de leis e sim de políticas. Se houver uma falha na rede, falha todo o projeto."




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