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Livro revela receitas da poeta Cora Coralina
Melina Dias
Do Diário do Grande ABC
04/10/2009 | 07:29
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Até o dia 13 de dezembro é possível visitar no Museu da Língua Portuguesa, na Estação da Luz, em São Paulo, a exposição Cora Coralina - Coração do Brasil, em comemoração aos 120 anos do nascimento da poeta. A curadoria de Júlia Peregrino e a cenografia de Daniela Thomas e Felipe Tassara levam o visitante ao mundo dessa mulher extraordinária, da saída à volta a Casa Velha da Ponte, em Goiás.

Juntamente com a caprichada exposição foi lançado o livro Cora Coralina - Doceira e Poeta (Editora Global, 144 págs., R$ 119).

Uma rápida folheada na caprichada edição que reúne as receitas originais da poeta emociona. É preciso lembrar que foi fazendo doces que Cora Coralina, que publicou seu primeiro livro aos 75 anos, reuniu economias para reaver o casarão da família, hoje transformado em seu memorial.

As fotos belíssimas ganharam esmerada produção, há belas louças, talheres e acessórios escolhidos a dedo para evitar afetação e remeter ao universo simples e digno da poeta que viveu entre 1889 e 1985.

A primeira foto interna já amolece o coração: no fogão a lenha da escritora repousa o tacho de cobre vazio com a grande gamela de pau.

As imagens dos doces seduzem e transportam os que tiveram a sorte de ter doceira de mão cheia na família à infância. Especialmente a seção dos doces de frutas. Aqui, aprende-se que no cerrado goiano a época de frutas era restrita, daí a necessidade de conservá-las em tanto açúcar.

Daí também que foram necessárias algumas alterações nas receitas com redução ou substituição de ingredientes, pois os originais continham quantidade excessiva de ovos, outras banha de porco etc.

Os doces das páginas 78 a 87 foram feitas por Eduardo Antonio Salles Galvão Leite, bisneto de Cora Coralina, filho de Maria Creusa, segundo as receitas a bisavó.

As delicadas ilustrações em sépia de Cláudia Scatamacchia são um mimo para os olhos - cada receita ganhou uma exclusiva, que remete ao preparo ou aos ingredientes da iguaria.

"Os profissionais de hoje, empenhados em ‘desconstruir' essa confeitaria convencional, utilizando técnicas, experiências de laboratório e parafernálias futuristas, deveriam ter a humildade de admitir que suas criações jamais nos darão o mesmo prazer gustativo daquelas que mulheres como Cora Coralina ainda elaboram (graças a Deus!) pelo País afora", escreve o jornalista especializado em gastronomia J.A. Dias Lopes no prefácio.

MONTANHA RUSSA
Ferva-se 1 garrafa de leite com uma fava de baunilha

Bate-se 4 gemas de ovos com 1 xícara de açúcar; mistura-se 2 colheres de Maizena; deita-se o leite sobre tudo isso bem dissolvido e volta novamente ao fogo para cozinhar e formar creme, que se deixa esfriar.

Cozinha-se à parte 250 gramas de ameixas-pretas sem caroços, com 1 copo d'água e 1 cálice de vinho seco, cravo, canela e casca de limão.

Arruma-se, em uma cremeira, uma camada grossa de creme e outra de ameixa, sucessivamente. Cobre-se com suspiro e leva-se ao forno para secar.




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