É comum encontrar diversas tonalidades de cores dos olhos, mas nada que fuja muito do castanho, azul e verde. Vale até ser um castanho esverdeado ou um verde azulado. Mas e quando eles são diferentes entre si?

“Nasci com três quartos do olho esquerdo castanho e o restante verde. Só eu na família que sou assim. Meus pais tem olhos castanhos e puxei o verde dos meus avós paternos”, conta André Le Senechal Bastauskas, 24 anos, assistente de operação no aeroporto de Guarulhos.

Os olhos multicoloridos do também estudante de Aviação Civil é devido à heterocromia de íris, uma anomalia genética que faz com as pessoas tenham um olho de cada cor ou, até mesmo, como no caso dele, duas cores em um mesmo olho.

“Para as pessoas que nascem dessa forma, a explicação para a diferença da quantidade de melanina na íris é estritamente genética. Essa variação pode ser difusa, quando o olho é totalmente diferente do outro, ou setorial, quando somente alguma parte é de outra cor”, explica a Jacqueline Sousa, oftalmologista da Cerpo.

Segundo a especialista, assim que o bebê nasce, é preciso avaliá-lo pelo pediatra e oftalmologista para ter certeza de que não existe associação dos olhos coloridos com alguma outra síndrome. Se estiver tudo certo, é só acompanhar junto ao profissional ao longo da vida, mas não é necessário nenhum tipo de tratamento já que não é prejudicial à visão.

“Eu tenho miopia e astigmatismo, mas não é relacionado à heterocromia. Meu oftalmologista disse que só tenho um fenótipo diferente dos outros”, diz Bastauskas.

Já quando a heterocromia da íris é adquirida, ou seja, a pessoa não nasce com ela, é muito importante procurar ajuda médica. “É preciso saber qual foi a doença, que pode ser no olho ou mesmo no corpo, que causou essa diferença de melanina na íris. Pode ser desde uso de um colírio até traumas, sangramento e tumores benignos e malignos”, afirma Jacqueline.

Caso a pessoa se sinta incomodada com a diferença nos olhos, a oftalmologista indica o uso de lentes de contato cosméticas, para igualar a tonalidade. Problema pelo qual o assistente de operação de aeroporto não sofre. “Acho bem legal e diferente. Eu conheço as pessoas e, depois de algum tempo conversando comigo, elas perguntam se meu olho é assim mesmo ou se estou usando lente. Falo que é meu olho de verdade e elas ficam impressionadas.”

Alguns estudos apontam que a anomalia genética é rara e afeta entre 1 a 10 pessoas a cada 1.000, mas Jacqueline acredita que os casos são mais comuns. “Não acho que seja tão raro assim, é que muitas vezes a diferença entre um olho e outro é tão pequena que quase não dá para perceber.”

Animais
O mesmo fenômeno genético também é encontrado em animais. Não é difícil encontrar gatos ou cachorros com olhos coloridos. É o caso da Nina, uma gatinha branca que foi adotada em 2012 e hoje faz sucesso entre os outros nove gatos da casa da família Crivelaro. “Nós a encontramos em um terreno ao lado do nosso antigo condomínio. Ela estava com a mãe e o irmão, que também resgatamos, mas só a Nina tem os olhos diferentes. Todos que nos visitam comentam o quanto ela é linda e o quanto os olhos chamam atenção, já que, além dessa característica, ela é toda branca e esguia, quase uma ''gata modelo''", conta a dona de casa, Nilceia Crivelaro, 47.

Heterocromia no cinema
Outros seres que também têm olhos diferentes são os Minions, criaturas que apareceram pela primeira vez no cinema na animação Meu Malvado Favorito, que estreou em 2010. Neste ano, com um filme só deles, um dos protagonistas é o Bob, que tem um olho verde e outro castanho.

Entre os famosos, a atriz norte-americana Kate Bosworth também possui heterocromia de íris. No caso dela, a cor azul é misturada com o castanho no olho direito. Nos esportes, Max Scherzer, jogador de basebol, tem olhos totalmente diferentes, o esquerdo é castanho enquanto o direito é azul.