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Les Folies: música medieval, renascentista e barroca
Mércia Suzuki
Especial para o Diário
20/06/1999 | 17:00
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Em meio a centenas de bandas de rock, MPB, pagode e afins, surge no cenário musical um grupo diferenciado - pode-se dizer até raro e ainda pouco conhecido -, voltado à música antiga. Entenda-se: música tocada nas épocas medieval, renascentista e barroca.

Existem no país apenas cinco grupos do gênero, e o Les Folies (Os Folioes), do Grande ABC, é um deles. Claudia Polastre (cravo e percussao), Marco Crepaldi (flauta transversal e percussao), Raul Brabo (gaita de fole, flauta doce e percussao) e Maurílio Silva Junior (flauta doce) sao músicos nascidos na regiao, com exceçao do último, que é paulista.

Com formaçao na Fundarte (Fundaçao das Artes de Sao Caetano), os integrantes do grupo, de 30 anos de idade em média, seguiram diferentes especializaçoes, mas sempre mantiveram-se fiéis à área. Tanto que, a partir da amizade dos tempos da faculdade e da afinidade com a música, nasceu o quarteto, há três anos.

"Nossa preocupaçao é levar ao público um pouco da experiência desse período. Além das músicas, falamos sobre autores e instrumentos da época durante as apresentaçoes", diz Claudia. Ela esteve em Londres (Inglaterra) em 1993 pesquisando sobre música antiga. Foi de lá que trouxe toda a referência fonográfica para a formaçao do repertório do grupo.

Situar o público no contexto histórico-musical com instrumentos e vestimentas, além de fazer uma ponte emocional entre os compositores da época e os ouvintes atuais, é um dos objetivos do Les Folies. "A intençao é fazer uma conexao da música antiga com a atual", diz Brabo.

Popularizaçao - Diferentemente do que possa parecer, nao se trata de uma música elitista. Apesar de a base do repertório abranger dos séculos XIII ao XVIII e agradar a um tipo específico de público hoje, esse tipo de música antigamente era admirado por populares e nem tanto pelos nobres. "Se fôssemos músicos da época, seríamos profanos, ou seja, músicos de rua", diz Crepaldi.

No repertório há obras de Purcel, Dowland e Schulze, além do material mais difícil de ser encontrado, datado da Idade Média, como Dança de aldeia (Itália), Kakenda Maya (Raimbaut de Vaqueiras, séc. XII) e Sky boat song (Escócia), entre outros. Apesar do movimento popular priorizar a música sacra, o grupo nao abrange esse estilo. A essência do repertório está voltada à Idade Média.

Projetos - O quarteto gravou um CD demo no início do ano com o mesmo repertório que costuma se apresentar. Até dezembro o grupo pretende estar com o primeiro CD nas maos. "Nao estamos presos às regras de uma reproduçao fiel de época", diz Crepaldi.

Além do disco, os músicos estao tentando viabilizar um projeto cujo objetivo é levar a música antiga às escolas. Sao workshops que serao realizados junto às escolas particulares e principalmente às estaduais, onde os alunos têm menos acesso à música instrumental. "Nosso material é bastante didático, queremos levar esse tipo de música à periferia", diz Brabo.




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