Setecidades Titulo
Canalização tem verba, falta começar as obras
Renan Fonseca
Do Diário do Grande ABC
08/02/2011 | 07:40
Compartilhar notícia
Nário Barbosa/DGABC


O governo do Estado ainda não definiu data para iniciar obras no Córrego Oratório, que corta bairros de Mauá e Santo André. A licitação foi concluída em dezembro e empreiteiras foram contratadas, mas os trabalhos ainda não foram iniciados porque falta a licença ambiental.

A promessa é que as intervenções ajudem a evitar enchentes em bairros das duas cidades da região. Conforme o projeto, mais de 1.000 famílias que moram às margens do córrego terão de ser removidas para a realização da obra, que custará R$ 56,6 milhões.

O córrego tem mais de 25 quilômetros de extensão, e suas águas são poluídas por ligações de esgoto, a maioria clandestina. As margens ora estão irregularmente ocupadas por casas construídas há mais de 30 anos, ora são pontos de descarte de lixo.

No Jardim Sonia Maria, em Mauá, as intensas chuvas de janeiro aumentaram o volume do córrego, a ponto de destruir casas e deixar ruas totalmente alagadas. Essa situação é tradição anual para os moradores. "Quando o céu começa a ficar escuro, a gente se apressa. Colocamos todos os móveis para cima ou corremos para a casa de vizinhos", disse a dona de casa Valdirene Vera de Souza, 29 anos.

Mas nem sempre a pressa ajuda. "Neste ano perdi vários móveis. Todos os anos é o mesmo sofrimento. Mas em época eleitoral, todo político promete tirar a gente daqui ou canalizar o córrego", criticou.

Lixo, móveis, restos de construção. Quando todo esse entulho não vai para o leito, se transforma em abrigo para pragas urbanas. "Rato aqui tem aos montes. As baratas aparecem mais no calor, quando o mau cheiro também é insuportável", comentou o comerciante Luiz Carlos Pessopani, 38 anos.

A Vila Metalúrgica, em Santo André, é dividida de São Paulo pelo Oratório.

Ali, quem vive nas margens do rio há mais de 30 anos conhece bem a falta de compromisso do poder público. "A margem está desabando. Direto vejo criança cair na água", contou Severino Correia Melo, 43. Ele cria cavalos na beira do córrego e também sofreu com as cheias. "Já perdi tudo o que tinha no barraco. Depois, mudei para outro ponto da margem."

Moradores da Vila Sá, em Santo André, fazem abaixo-assinado

Moradores da Vila Sá, em Santo André, fizeram abaixo-assinado por causa das enchentes do Córrego Oratório. Quem vive na Rua Planaltina, por exemplo, está cansado de perder móveis e eletrodomésticos nas cheias que vêm com as chuvas. A lista com o nome dos moradores foi protocolada no Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental).

Um dos representantes do bairro, o autônomo Edson Fiorin, disse que recebeu ontem a visita de um técnico da autarquia. "Ele disse que o Semasa possui apenas um maquinário para limpeza do rio, mas que está sendo usado."

O Semasa informou que a limpeza e gestão do Oratório são de responsabilidade do Daee. A autarquia cuida da manutenção preventiva do sistema de drenagem.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;