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Cabo antifurto é arma contra ‘gatos’
Illenia Negrin
Do Diário do Grande ABC
31/03/2005 | 14:52
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Na briga para diminuir o número de consumidores de energia clandestinos, a AES Eletropaulo vai adotar um novo sistema de condutores para evitar que os praticantes do gato voltem a cometer irregularidades. Neste ano, a concessionária pretende regularizar 16 mil ligações no Grande ABC e todas serão feitas no padrão que evita a reincidência. A região tem 50 mil usuários fantasmas, que têm acesso à luz elétrica sem pagar nada, a maioria moradores de áreas invadidas. Um balanço divulgado pela empresa mostra que os bolsões da fraude estão concentrados em Santo André, São Bernardo, Diadema e Mauá (veja mapa abaixo). Em muitos bairros, o que dificulta a legalização do serviço é a falta de infra-estrutrura mínima e as brigas judiciais pela posse dos terrenos.

O novo cabo antigato, os chamados biconcêntricos, impede que o consumidor recorra à gambiarra para ter acesso ao fornecimento. Na prática, se um vizinho oportunista tentar roubar energia de outro que paga as contas em dia, o sistema acusa a fraude: o cabo entra em curto-circuito ao ser utilizado por mais de uma residência e as duas casas ficam no escuro. “Os biconcêntricos são bem parecidos com os cabos de televisão. Ninguém vai conseguir pendurar um fio, puxar a luz de outro lugar. Essa foi o saída técnica que encontramos para que o consumidor, uma vez regularizado, não volte a furtar energia”, explica Arnaldo Silva Neto, responsável pelo programa de redução de perdas da Eletropaulo.

A empresa decidiu instalar o rede antifurto nas 24 cidades em que atua depois de uma experiência piloto que deu certo na região da Brasilândia, zona Norte de São Paulo. Na favela do Tiro ao Pombo, o emaranhado de fios foi substituído pela nova tecnologia, depois de reuniões com as lideranças comunitárias e aulas sobre o uso racional de energia.

A medida, a médio prazo, deve diminuir as perdas comerciais da concessionária, que convive com cerca de 450 mil clandestinos no Estado e prejuízo de R$ 600 milhões no ano passado, graças ao consumo informal. Só no Grande ABC, a Eletropaulo registrou perdas de R$ 48 milhões.

Para atingir a meta de 16 mil regularizações este ano na região, a empresa deve gastar, em média, R$ 300 para reverter cada uma das fraudes. O maior entrave para expandir a legalização do fornecimento é o fato de a maioria dos clandestinos estar localizada em áreas invadidas. Nelas a Eletropaulo precisa que as Prefeituras regularizem antes a situação fundiária e  faça investimentos em urbanização.

Em alguns dos bairros mais atingidos pelo gato, como o Montanhão e o Limpão, em São Bernardo, e o Jardim Zaíra, em Mauá, não há previsão de quando a estrutura mínima para receber a rede antigato estará pronta e por isso as áreas não estão incluídas no pacote de regularizações deste ano. Segundo as duas Prefeituras, as comunidade citadas, por enquanto, não estão na lista dos projetos de urbanização de favelas que serão executados no curto prazo.

A situação é bem diferente em Diadema, município da região que é destaque quando se trata de regularização de áreas invadidas. A cidade ergueu mais núcleos habitacionais do que qualquer vizinha. Em duas áreas já urbanizadas há mais de 10 anos, Gazuza e Caviúna, quatro mil famílias dos núcleos e entorno devem, até o final do ano, receber em casa a conta de luz no final do mês, uma das provas concretas da desfavelização.



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