O Diário visitou, na semana passada, sete parques públicos do Grande ABC com o objetivo de avaliar o percurso das pistas de corrida. A reportagem foi acompanhada pelo personal trainer Agnaldo Sampaio, morador de São Bernardo que já participou de 11 maratonas e há dez anos trabalha como técnico de corrida. Foram percorridos os parques Celso Daniel, Parque Central e Ipiranguinha, em Santo André; Cidade São Bernardo, em São Bernardo; Chico Mendes, em São Caetano; Parque do Paço, em Diadema; e Pérola da Serra, em Ribeirão Pires. O Celso Daniel, com mais de 25 anos, é disparado o exemplo positivo para o Grande ABC.

O parque de Santo André foi avaliado por Sampaio como ótimo para corridas. A pista arborizada de terra batida com cascalho e serragem amortece o impacto da corrida e evita lesões nas articulações, segundo o especialista. O parque leva uma grande vantagem em relação aos outros: o tamanho. Seus percursos são relativamente longos – de 1 km a 1,5 km – e tornam o treino menos monótono.

A topografia do Celso Daniel também contribui para o rendimento do treino, principalmente dos iniciantes. O terreno é, na maioria do trajeto, plano, e as subidas e descidas mais acentuadas ficam no percurso longo. Dessa maneira, para quem está começando a correr, a dica é fazer o percurso curto. “Quem não conhece as técnicas de corrida deve evitar subidas e descidas. Elas exigem esforço físico maior e podem causar lesões”, explica Sampaio.

Foi justamente a topografia que tirou pontos do Parque Ipiranguinha. O terreno inclinado faz com que a pista tenha subidas e descidas não tão acentuadas, porém longas, exigindo esforço constante do corredor em um trajeto oval de 850 m. Com pista de terra batida, cascalho e serragem, o parque é indicado para quem faz caminhadas e corridas leves.

O mesmo acontece no Cidade São Bernardo. Inaugurado em dezembro, o parque é um exemplo de boa infra-estrutura – ideal para receber famílias que buscam opções de lazer –, mas desaconselhável para corridas rápidas. O terreno é mais inclinado do que o Ipiranguinha e as subidas e descidas, conseqüentemente, são mais acentuadas para um percurso circular de apenas 650 m. O corredor nem bem descansa da subida na descida e já tem de subir novamente. Além disso, o piso de asfalto não absorve o impacto, podendo causar lesões nos esportistas.

O Chico Mendes, em São Caetano, também recebeu nota alta na avaliação do técnico. Os iniciantes podem utilizar a pista arborizada de 850 m de terra batida com cascalho e serragem. O percurso, no entanto, pode ser cansativo para os corredores rápidos. A pista é estreita e com muitas voltas. A alternativa é utilizar o percurso de 5 km em asfalto, em torno do parque.

O pior dos parques públicos para corrida na região é o Pérola da Serra, em Ribeirão Pires. O local é bastante arborizado e charmoso, mas a pista não é indicada para corrida. O asfalto está irregular e o freqüentador corre o risco de sofrer uma lesão. “A pessoa vem aqui e fica tensa, olhando para o chão com medo de pisar em um buraco e torcer o pé. Se o objetivo é aliviar o estresse, o parque não contribui”, disse o técnico de corrida.

No Parque do Paço, em Diadema, a má-conservação dá um aspecto negativo ao parque. O espaço está em reforma e os banheiros, fechados. A pista de terra batida com cascalho é boa para fazer caminhadas e corridas leves. O percurso, em contrapartida, força o corredor a fazer curvas em subidas acentuadas, não sendo indicado para corridas rápidas.

O Parque Central, em Santo André, apesar de ter uma das melhores pistas da região – 2,3 km de terra batida – não é apropriado para se freqüentar. A área está completamente abandonada. O mato está alto e, por conta da falta de segurança, chega a ser perigoso caminhar ou correr por lá.