Uma das atraçoes mais festejadas na 24ª Mostra Internacional de Cinema sao as retrospectivas sobre cineastas fundamentais da arte em película. Desde a abertura do festival, o espanhol Luís Buñuel, dono de uma programaçao com 21 longas, e o indiano Satyajit Ray, cuja carreira é exposta pela primeira vez no país com seis fitas, têm recebido mais atençao. 

 O que dizer entao de Louis Feuillade, cineasta francês que mereceu também a sua retrospectiva? É um representante do cinema anterior a D.W. Griffith e a Sergei Eisenstein, anterior à narrativa clássica, à hegemonia do modelo norte-americano. Para prestar contas à linguagem cinematográfica de Feuillade, a Mostra tem exibido, na Sala UOL de Cinema, suas três mais famosas séries de filmes episódicos, datados entre 1913 e 1916: Les Vampires (dez episódios), Fantômas (cinco) e Judex (12 episódios). 

 Os seriados integram a filmografia com 800 obras de Feuillade, que cadenciou uma carreira homogênea durante 18 anos, antes de morrer, em 1925. Tomou as bênçaos de Léon Gaumont no início de sua trajetória ao ser contratado, em 1906, como roteirista. Colaborou em filmes de Alice Guy, que, de secretária do industrial Gaumont, se transformou na primeira mulher a assumir as rédeas em um set de filmagens. Levou pouco mais de um ano para Feuillade sentar na cadeira de diretor e criar belíssimos poemas visuais, sem a interferência (mesmo que circunstancial) do som, da cor e das convençoes narrativas. 

 Bem menos sutil que as raridades em preto-e-branco do mestre Feuillade, é a série de animaçao Angelitos, de Humberto Santana. O filme reúne 60 minicurtas com os personagens do cartunista Angeli, entre eles Rê Bordosa, Wood & Stock e Os Skrotinhos. Portugal e Brasil dividem a produçao deste destaque do evento, programado para esta quarta-feira.