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Famílias resistem em sair das casas
Camila Brunelli
Do Diário do Grande ABC
14/01/2011 | 07:25
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As famílias que ainda vivem em áreas de risco no Jardim Santo André estão resistentes em deixar suas casas. Alguns reclamam do valor baixo do aluguel social, outros da falta de vagas nos alojamentos. Em comum, têm o desejo de proteger o patrimônio que construíram ao longo da vida. "Eles querem que a gente saia daqui para ficar acampado", disse um dos moradores de uma área de risco da favela Cruzado II - que, inclusive, já foi interditada pela Defesa Civil.

Na casa de madeira ao lado são dois cômodos, sala e cozinha, nos quais moram dez pessoas - sendo seis menores de idade.

A dona de casa Katia da Silva Santos vive com o marido e os dois filhos pequenos em outra região da favela considerada área de risco. A maioria das famílias que moravam por ali já se mudou, mas ela ainda não conseguiu achar uma casa para alugar.

Katia reclama dos altos valores praticados pelos proprietários de imóveis da região onde vive. "Eles sabem que o governo está oferecendo o aluguel, aí que eles cobram mais. E geralmente pedem um ou dois meses de aluguel adiantado", disse, com a filha bebê no colo. "Isso quando conseguimos falar com o dono da casa, se não só na imobiliária. Por lá eles pedem fiador e eu não tenho."

Vizinho da casa de Kátia, em um barraco de madeirite velha com música alta havia cerca de dez crianças. O mais velho, José Wellington Lima, 18 anos, tomava conta dos irmãos e primos enquanto a mãe, desempregada, fazia compras.

"O pior de morar aqui é a lama. Não dá para ir até a esquina, que a gente já fica enlameado. Sem contar quando chove, que entra lama na casa inteira."

Quando chove forte, todos correm para fora da casa. "Se o barranco cair, não cai na gente", disse José. "Mas não cai, não. Deus segura."




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