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Empresas omitem contaminação de novo comprador
Andrea Catão Maziero
Do Diário do Grande ABC
01/09/2001 | 19:45
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A SQG e a Paulicoop reconheceram oficialmente que o condomínio havia sido construído sobre um aterro industrial em abril do ano passado, depois da explosão ocorrida na etapa 4 do residencial. No entanto, a SQG continuou a construir os edifícios – havia 43 concluídos e habitados e nove em construção na época da explosão – e a Paulicoop a comercializar as unidades. As obras só foram definitivamente paralisadas com o anúncio feito pelo secretário estadual do Meio Ambiente, Ricardo Tripoli, no dia 16 de agosto, conforme consta do rol de exigências da Cetesb (Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Ambiental).

Já na folha 9 do processo 16/01128/00 da Cetesb sobre o caso, técnicos ambientais que visitaram o condomínio e ouviram os envolvidos afirmam que “as informações fornecidas pelos moradores, referentes à deposição de resíduos industriais e domésticos na área onde estão construídos os edifícios da etapa 4 do Conjunto Residencial Bacia do Prata, foram confirmadas pela Construtora SQG Empreendimentos no tocante aos resíduos industriais”. Ou seja, a empresa sabia da existência do lixão industrial, pelo menos desde o acidente que vitimou o operário.

No dia 16 de agosto, porém, a SQG Empreendimentos e Construções Ltda., em nota à imprensa, afirmou que só soube da existência do aterro clandestino depois da entrega dos estudos da CSD-Geoklock. E afirmou que era tão vítima quanto os moradores do local. O relatório da Cetesb mostra o contrário. Mais uma ação comprova que a construtora conhecia o lixão industrial: em 6 de setembro de 2000, a empresa foi multada pela Cetesb por ter “implantado conjunto habitacional sobre resíduos industriais” – o auto de infração faz parte do processo, e está incluído na folha 20 do documento.

A empresa também soube antes da contaminação do solo por 44 substâncias tóxicas. Apesar de ter entregue o relatório à Cetesb em fevereiro passado, o documento foi assinado pela CSD-Geoklock dois meses antes, em dezembro de 2000. A direção da Cetesb diz que a Geoklock sabia da contaminação desde, pelo menos, agosto do ano passado, quando chegou à empresa o resultado do laboratório canadense OSB Lab.

No resultado analítico consta que, “dentre os compostos encontrados nas amostras coletadas, somente nove encontram-se listados e três deles implicam, diretamente, em riscos à saúde humana”. Esses compostos, segundo o relatório, são benzeno, decano e 1, 2, 4 trimetil benzeno.

No mesmo relatório, o que foi apresentado em fevereiro e logo após de a SQG ter contratado um dos maiores escritórios de advogados do Brasil (Pinheiro Neto), não consta a indicação de contaminação do solo por hidrocarbonetos ou benzeno desde a sua apresentação. “A empresa deveria ter mencionado isso no início do relatório, além de ter dado um grande destaque a essa informação, pois trata-se de algo relevante”, afirmou o presidente da Cetesb, Drauzio Barreto.




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