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Um radialista do Ceará, foragido, está com a prisão preventiva decretada pela suspeita de ter abusado sexualmente de 11 crianças no estúdio de uma rádio comunitária pertencente a uma igreja. Ainda no Ceará, um padre está preso por supostamente ter mantido relações sexuais com 21 meninas. No Mato Grosso, o agricultor Martins Borges Leal, 69 anos, foi preso na cidade de Nova Olímpia por atentado violento ao pudor, estupro e sedução de três menores. Ele é acusado de manter relações sexuais com três irmãs – meninas de 4, 11 e 17 anos.
Os casos de pedofilia envolvendo padres preocupam a Igreja Católica e são um dos temas da 40ª assembléia geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizada em Indaiatuba (SP).
Nesta quinta-feira, o bispo Antonio Celso de Queiroz manifestou o temor da entidade com uma possível 'onda de denuncismo' envolvendo padres em todo o país, como ocorre nos Estados Unidos — só em Nova York, seis sacerdotes foram suspensos por acusações de abusos sexuais contra crianças e adolescentes. Em Boston (Massachusetts), o padre John Geoghan cumpre pena de prisão por molestar sexualmente uma criança, além de ser acusado de outros 130 casos.
O bispo negou que os casos de pedofilia na Igreja tenham ligação com o celibato clerical e disse que o abuso sexual é um desvio doentio de conduta propenso a ocorrer em qualquer ambiente. "São numerosos os registros de casos em famílias, com homens casados", afirmou.
Três casos envolvendo padres brasileiros ocupam as páginas da imprensa recentemente. Na terça-feira, o padre de Sorocaba (interior de São Paulo) Alfieri Eduardo Bompani foi preso pela suspeita de ser pedófilo. O sacerdote registrava em seu diário pessoal fantasias sexuais e experiências de relações íntimas com crianças.
No mesmo caderno, foram encontradas fotos de três garotos nus. "Ele é um escritor. Ele é homem. Ele também tem fantasias sexuais", alegou seu advogado, Abramo Rubens Cuter.
Bompani comandava um trabalho de assistência a crianças e adolescentes usuários de drogas ou vítimas de violência doméstica na paróquia de Nossa Senhora de Fátima, no bairro periférico sorocabano de Vila Mineirão. Dez crianças já foram ouvidas pela polícia; cinco confirmaram o abuso. "Os relatos do diário confirmam o teor do depoimento das crianças", afirmou a delegada encarregada do caso, Tânia Munhoz Guarnieri.
Nesta quinta-feira, um dia depois de ter sua prisão preventiva decretada pela acusação de abusar sexualmente de um menino de 9 anos, o padre Bonifácio Buzzi se entregou à polícia na cidade histórica de Mariana, a 115 quilômetros de Belo Horizonte (MG). O padre carrega um histórico de pedofilia: foi condenado em 1998 por ter abusado sexualmente de duas crianças, de 5 e 11 anos, e chegou a ser preso. Quando conseguiu cumprir a pena em regime semi-aberto, foi reintegrado à Arquidiocese de Mariana e voltou a rezar missas.
No Ceará, o frei Luís Sebastião Thomaz está preso em Santana do Acaraú, acusado de abusar sexualmente de 21 meninas.
Radialistas - Também é do Ceará o radialista Francisco Régio de Moura, conhecido como Régis. Ex-funcionário da rádio comunitária da Igreja de Cruz, a 255 quilômetros de Fortaleza, ele é acusado de ter abusado sexualmente de 11 crianças (algumas de sua própria família) no estúdio da emissora. Foragido, ele está com a prisão preventiva decretada.
Outro radialista chocou a estância hidromineral de Serra Negra, cidade do Circuito das Águas de São Paulo. Colunista social, professor de História e personalidade da estância, José Roberto Gasparini foi preso terça-feira quando saia de seu apartamento. A polícia da região recebeu um envelope, anônimo, contendo 70 reproduções de fotografias que mostram ele praticando sexo com garotos. Outras 30 fotografias, além de filmes e revistas pornográficas, foram encontradas na residência.
Três dos sete garotos que aparecem nas fotos foram ouvidos pela polícia e confirmaram os abusos. Um deles, de 14 anos, disse que recebeu R$ 70 para manter relações sexuais com o colunista e acusou-o de usar as fotografias para distribuí-las na Internet.
Pornografia na rede - A Web é um verdadeiro paraíso para pedófilos, especialmente pelas facilidades de comunicação e interação entre pessoas dos quatro cantos do mundo. O anonimato é outro atrativo poderoso para os adeptos da perversão sexual que inclui relações íntimas com crianças.
A acusação da suposta vítima dos abusos sexuais e o caso de Chipkevitch só realçaram o uso da Internet para a propagação da tara.
A psiquiatra Isa Kabacznik, ouvida pelo Jornal Nacional nesta quinta, afirmou que o registro das aventuras sexuais com crianças – prática presente nos casos de Chipkevitch, Gasparini e do padre Alfieri Eduardo Bompani -, são um "meio de divulgar o poder". No caso da Web, o registro fotográfico vai além disso.
Fotos e vídeos são verdadeiras moedas de troca nos círculos virtuais da pedofilia. O intercâmbio de imagens credencia o pedófilo em grupos (sempre restritos e fechadíssimos de adeptos) e o municia de recursos para conseguir mais imagens de experiências alheias.
Abuso sexual contra menores é passível de pena de seis a dez anos de prisão. Nos casos que incluem registro de fotos ou imagens das práticas sexuais, a pena chega até 14 anos de detenção.
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