Já na fase inicial, a superioridade do Santos esbarrou na falta de pontaria. Desde o começo, o esquema ofensivo de Emerson Leão insistia demais, mas falhava seguidamente nas finalizações. Para aumentar o desespero do time, os torcedores, irritados nas arquibancadas, passaram a vaiar a equipe, que se complicava na marcação e na troca de passes.

O Santos insistia, mas não chegava lá. É verdade que sobrava ousadia. No entanto, faltava mais naturalidade nas saídas e nas inversões. O adversário, ao contrário, se fechava para explorar os contragolpes, invariavelmente perigosos nas costas da defesa.

Não demorou muito para que o Vasco surpreendesse. Aos nove minutos do primeiro tempo Marcelinho Carioca esperou o cruzamento de Morais da direita para conferir de bate-pronto, de pé esquerdo, no ângulo. O goleiro assistiu.

Temporariamente, o gol desestabilizou ainda mais o Santos, que não se achava em campo. Era como se a responsabilidade pesasse muito diante de um rival recuado, que se aproveitava dos desacertos do lado de lá. Léo Borges e Donizete ficaram isolados na frente e Marcelinho Carioca se encarregava de puxar os contra-ataques, que tumultuavam a zaga santista.

Na etapa complementar, a torcida do Santos viu outro filme. Para muito melhor, é claro. Afinal, o time voltou do intervalo sem as incríveis falhas que o prejudicaram nos primeiros 45 minutos.

Aos 21, o zagueiro André Luís veio de trás e só completou a rápida tabela iniciada pelo centroavante Ricardo Oliveira: 1 a 1. Aos 34, Daniel arriscou de fora de área, pelo alto, indefensável: 2 a 1. A vitória estava, enfim, definitivamente assegurada. Nos instantes finais, o Santos criou novas chances e administrou o resultado.

Fim de jogo, festa no estádio. Ao deixar o gramado, André Luís revelou a receita da reação. Segundo ele, o Santos persistiu, acreditou na virada. “Não nos entregamos. Mostramos persistência e muita pegada. É assim que vamos buscar o título”, disse.