A maioria dos empresários brasileiros pede que o governo avance nas negociações para a formação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), mesmo que não haja um acordo com os Estados Unidos para a discussão de temas como o antidumping e a redução das subvenções norte-americanas aos produtos agrícolas. Um estudo da Associação Brasileira de Comércio Exterior (Abracex) publicado nesta sexta-feira revelou que cerca de 64% dos empreendedores entrevistados defendem que as mercadorias industriais de maior valor agregado são mais importantes para a economia brasileira do que os produtos agrícolas

“É evidente que temos interesse que a Alca se abra para tudo, mas se não houver essa abertura, temos que apostar nos manufaturados", disse o diretor da Abracex, Benedito Pires de Almeida, lembrando que os Estados Unidos compram mais produtos manufaturados do Brasil que básicos, como os agrícolas. Benedito disse ainda que apesar do fracasso na reunião de Cancún, o Brasil agora tem chances de "um diálogo mais favorável".

Segundo o estudo, 67% dos entrevistados acreditam que a Alca traria bons resultados para o Brasil se não fosse menosprezada pelos investidores brasileiros.

Além disso, a pesquisa informou que os empreendedores pedem que as negociações do Brasil em relação à Alca sejam feitas em bloco com o Mercosul, e não unilateralmente. "A Alca, ao contrário do que se apregoa, só irá aumentar nossas exportações para os países da América do Norte se o Brasil e as nações integrantes do Mercosul não criarem situações negativas para o comércio das Américas", destacou o estudo.

Benedito afirmou que a atual posição do Itamaraty de flexibilizar as negociações com os Estados Unidos é melhor que a anterior ao encontro da última semana, em Washington, entre o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e o representante de Comércio dos Estados Unidos, Robert Zoellick. "Comércio é toma lá, dá cá", concluiu o diretor da Abracex.

O estudo foi realizado com 310 pequenas, médias e grandes empresas de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná.

Com informações da Agência Brasil