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Bibliotecas da região
têm obras preciosas
Kelly Zucatelli
Do Diário do Grande ABC
06/03/2011 | 07:00
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Quando pensamos em fazer uma pesquisa, automaticamente digitamos www no computador. A internet domina a cabeça das pessoas, a ponto de a maioria se esquecer que as bibliotecas ainda guardam materiais preciosos que sempre serão referência e, inclusive, são até mais confiáveis que muitas informações que captamos on-line.
Deixando de lado o advento da mídia digital, é importante chamar a atenção para as joias literárias que temos em nossas bibliotecas e muitas vezes nem sabemos que existem. O Diário visitou quatro bibliotecas nas cidades de Santo André, São Bernardo, São Caetano e Diadema e relacionou junto com seus coordenadores alguns títulos que podem ajudar no conhecimento de todas as faixas etárias, sem que seja frequentemente necessário se deslocar para unidades maiores da Capital, como a Biblioteca Mário de Andrade ou o Centro Cultural São Paulo.
O curioso nessa viagem pelas bibliotecas foi encontrar particularidades em cada uma delas, como na municipal de Santo André, que tem valiosos títulos sobre a história do Brasil, contados nos 386 volumes da coleção Brasiliana, a única completa em uma biblioteca pública no Brasil. Os diversos poemas de artistas regionais dividem, com livros de Paulo Coelho, por exemplo, as prateleiras e a escolha do público de São Caetano. E as literaturas antigas de Machado de Assis misturadas às novas aquisições da biblioteca de Diadema, que comemora as doações de livros de variados gêneros, recebidas no ano passado da Biblioteca Nacional.

COLEÇÃO COMPLETA
Criada em 1952, a Biblioteca Nair Lacerda (Praça 4º Centenário. Tel: 4433-0761, Santo André), pode ser considerada uma das privilegiadas da região por conseguir ter a sala Reflexus, que leva o nome da última obra da fundadora Nair Lacerda (1903-1996), reservada para guardar as obras chamadas pelos bibliotecários de ‘raras' e ‘preciosas', assim como no sistema de catalogação da Biblioteca Nacional.
"A maioria do material está documentada e as pessoas podem procurar no acervo aberto. Caso não tenha, é necessário agendar para pesquisá-lo na sala Reflexus", explica a coordenadora da maior unidade da cidade, Glaucia Saspadini Lanzoni.
Com uma estante reservada só para ela, a Coleção Brasiliana já acumula os efeitos do tempo em suas capas de cor desbotada. Parte desse acervo veio de doações particulares em meados de 1960 e o restante chegou a partir de contrato entre a Prefeitura de Santo André e a editora Brasiliense, que mandava um exemplar por mês. Passaram-se mais de 40 anos e os relatos da descoberta do Brasil, sua sociologia e bases de sustentação econômica estão escritas ali. O primeiro volume é datado de 1934 e o último de 1989.

PRATELEIRAS LITERÁRIAS
Quem entra na Biblioteca Olíria de Campos Barros (Av. Sete de Setembro. 470. Tel.: 4055-9200, Diadema), pode pensar num primeiro momento que o espaço é forte para atender apenas as demandas das crianças e adolescentes do ginásio e colégio, mas vai muito além disso.
Nas prateleiras pode-se encontrar diversos livros da literatura brasileira e de outros países de décadas de 1960 e 1970, que se tornaram raridades. Alguns foram presentes de estrangeiros para nomes importantes da cidade, como foi o caso do livro Desde que o Mundo - 32 Poemas de Intervalo, edição de 1972, de autoria da escritora moçambicana Gloria de Sant'Ana.
Entre os 1.000 livros da edição especial do volume de poesias de variados assuntos, ela autografou e deu de presente o exemplar 580 para o jurista Miguel Reale, um dos emancipadores da cidade.
"Pode parecer pouco, mas muita gente vê esse trabalho e se interessa pela leitura, que apesar de ser escrita em português, tem algumas difereças de grafia", explica a coordenadora da biblioteca, Jucilene Araújo Monteiro.
No ano passado, a Biblioteca Nacional doou para a unidade de Diadema 1.000 livros de vários gêneros, junto com o kit de modernização, que contém estantes, DVDs infantis, dicionários e publicações gramaticais.
Enquanto chegam novos títulos, bibliotecários da unidade tentam conscientizar a comunidade para acabar com o indicador de 30% de pessoas que não devolvem os livros que pegam emprestado.

São Bernardo e a Arte 

E se Santo André tem a única Coleção Brasiliana completa no País, a Biblioteca de Arte Ilva Aceto Maranesi (Rua Kara, 105. Tel.: 4125-4755, São Bernardo), é a única pública especializada em arte. Com acervo de cerca de 6.000 exemplares, a unidade situada dentro da Cidade da Criança tem materiais sobre artes plásticas, teatro, dança, música, cinema e fotografia. Além de arquitetura e outros. Mas, na maioria das vezes os livros não são emprestados, pois possuem apenas um exemplar.
"Grande parte dos visitantes é da região, mas tem muita gente que vem de São Paulo também. Temos material de hemeroteca para complementar a pesquisa dos livros", explica a bibliotecária Silvana Regina Borin Delgadinho.KZ

Leitura Regional em São Caetano

Boa parte dos 30 mil livros que dividem as prateleiras da Biblioteca Paul Harris (Rua Dr. Augusto de Toledo, 255. Tel.: 4229-0245), em São Caetano, prestigia autores de poesia do Grande ABC.
"Temos leitores desde crianças até o pessoal da terceira idade. Esse, principalmente, procura o espaço porque muitas vezes já acompanha o trabalho de um determinado autor e porque gosta do estilo de leitura poética", explica a responsável pela divisão de bibliotecas da cidade, Ana Maria Guimarães Rocha.
Para estimular a frequência dos leitores, também é realizado o projeto Por que eu gosto?, que abre espaço para o público participar de lançamentos de livros e de discussões sobre os mais variados temas.
"Achamos importante recuperar o tesouro humano da região. É importante que escritores nos ajudem a manter o acervo doando um exemplar de seus lançamentos", completa Ana Maria.

TÍTULOS
Entre as leituras garimpadas na Biblioteca Paul Harris, o Diário encontrou muitas obras de escritores do Grande ABC. É o caso de Luizinho Bastos, de São Caetano, autor de O Caçador de Sonhos e Memórias de um Poeta, ambos de 1991. O autor tem mais de 30 anos de carreira.
Instrumento de pesquisa de estudantes universitários, Migração e Urbanização - A Presença de São Caetano do Sul na Região, de 1993, do memorialista e colunista do Diário Ademir Medici está entre os mais lidos.KZ

 




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