Setecidades Titulo
Polícia busca jovens
que viram afogamento
Maíra Sanches
Do Diário do Grande ABC
15/09/2011 | 07:30
Compartilhar notícia


Policiais do 6º Distrito Policial de Santo André procuram por quatro rapazes que testemunharam a morte por afogamento de Paola Nascimento, 11 anos, no Tancão da Morte, no antigo Parque Guaraciaba, na terça-feira. O local tem acesso proibido para banhistas, mas pelo menos cinco trilhas dão acesso ao lago. A profundidade chega a até 30 metros.

A colega da vítima, M.S.S, 13, que estava com a estudante, prestou depoimento de quase três horas ontem à tarde. Segundo o delegado titular, Marcos Catttani, a amiga afirmou que as duas chegaram ao tancão sozinhas, por volta das 14h30, depois de decidirem não ir à escola. Por lá, quatro meninos entre 16 e 17 anos estavam sentados ouvindo funk.

Encantada com a vista, Paola teria se apressado em tirar a roupa para mergulhar. De acordo com a colega, a vítima teria se desequilibrado e caído no lago. Debatendo-se, tentou voltar à superfície, mas foi sugada pela correnteza do fundo do lago. M.S.S. declarou que pediu ajuda aos rapazes, que alegaram não saber nadar e foram embora. Caso a versão da menor seja confirmada, o grupo pode ser indiciado por omissão de socorro. Mãe e filha foram embora da delegacia sem dar entrevistas. Atualmente a família mora no morro da Kibon. Já os parentes de Paola, que residem na Vila Guaraciaba, suspeitam do envolvimento da menor na morte por ser considerada "má companhia." -

Em seu depoimento, a menor de idade, que conhecia a vítima havia um mês, demonstrava ser fria, esperta e deixou à vista certo ar de desinteresse, segundo o delegado.

De cabeça baixa, passou praticamente todo o tempo mexendo ao celular. "Tinha respostas mecânicas e chegou a mandar a mãe ficar quieta. A história é estranha, mas ainda não podemos discordar dela", disse o delegado. Para a investigação, a identificação dos quatro adolescentes é fundamental para ajudar a esclarecer o caso. Os guardas-civis que faziam a segurança da área no dia e a mãe da vítima devem depor até amanhã. 

TRILHAS
Ontem à tarde, por pouco mais de uma hora, a equipe do Diário percorreu uma das trilhas que dão acesso ao lago, pelo morro da Kibon. No trajeto, três garotos que acompanharam a reportagem revelaram que já haviam entrado no lago, mesmo sem saber nadar e que mortes são comuns no local. Os caminhos que levam até o tancão podem ser feitos também próximo à região do Centreville ou Cidade São Jorge.

 

Prefeitura garante que fiscaliza a área 24 horas por dia 

O Parque Guaraciaba, que foi propriedade particular até 1989, é monitorado por guardas-civis 24 horas, de acordo com a Prefeitura. Desde 2005, quando o parque foi interditado por ordem do Ministério Público, uma viatura é mantida às margens do lago com dois guardas-civis de plantão.

Ontem, às 15h30, o Diário constatou a presença da Guarda Civil Municipal em meio ao matagal que circunda o tancão, formado a partir de porto de areia. Segundo guardas-civis, a inspeção é feita também do lado de fora, na Avenida Valentim Magalhães. De 2005 até agora, a Prefeitura disse que houve apenas uma morte por afogamento e considerou o fato de terça-feira como fatalidade. Já entre 1990 e 2005, foram pelo menos 32 mortes.

Os guardas-civis relataram que a área fica descoberta apenas durante o horário de almoço. Há seis anos, a Justiça proibiu a circulação de visitantes no parque e atribuiu multa de R$ 1 milhão à Prefeitura todas as vezes em que fosse registrada morte no tancão. No entanto, a administração negou que te nha recebido qualquer multa nesse período.

 

Mãe pede por justiça durante o velório 

Cerca de 50 pessoas, entre amigos e familiares, compareceram ontem à tarde ao enterro da estudante Paola Santos Nascimento, 11 anos, no Cemitério do Curuçá, em Santo André. A Prefeitura arcou com todas as despesas do funeral.

A mãe, Elisângela Santos Nascimento, 28, mãe de outros dois filhos, estava inconsolável. Aos gritos, implorou para que não levassem o caixão de sua filha e não acompanhou o enterro.

Minutos antes, revelou sua suspeita sobre a morte. "Fizeram alguma maldade com ela, mas não sabemos o motivo", disse, sem querer aprofundar o assunto.

Depois, Elisângela procurou por informações sobre a responsabilidade da área do tancão, que é da Prefeitura. A família pretende mover ação contra a administração municipal por falta de vigilância nos arredores.

O pastor da igreja que os familiares frequentam, Edinaldo Oliveira, 41, também amigo da família, afirmou que seria impossível Paola ter entrado na água voluntariamente, principalmente por causa da baixa temperatura e também por não saber nadar. "Vão mexer nisso e vai aparecer coisa errada por trás. Aquele lugar não pode ficar sem vigilância nem por um minuto."

A mãe disse que conversou com a colega da filha dois dias antes da morte e pediu que ficasse longe de Paola. A jovem confirmou à mãe que não tinha mais contato com a colega, que foi três vezes à casa da vítima no último mês.

Ao Diário, parentes afirmaram que Paola não tinha costume de faltar às aulas, era comunicativa e educada.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;