Setecidades Titulo Meio ambiente
Falta de verde influi na qualidade do rio

Ausência de mata ciliar no Tamanduateí contribui ainda mais para o péssimo estado da água

Vanessa de Oliveira
do Diário do Grande Abc
10/06/2015 | 07:07
Compartilhar notícia
Nario Barbosa/DGABC


Não é preciso nem visualizar o Rio Tamanduateí para saber como está a qualidade de suas águas; o forte cheiro de podre já diz tudo. O nada agradável odor acompanhou a equipe de pesquisadores da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) ao longo da manhã e início da tarde de ontem, na segunda etapa da Expedição Tamanduateí, uma parceria entre a instituição e o Diário. O resultado da primeira fase – na cidade de Mauá –, publicado na sexta-feira, mostrou que o rio começa a morrer a cerca de 500 metros de suas nascentes.

Desta vez, a coleta de água para análise (300 ml em cada trecho) foi feita em oito pontos do município de Santo André e três de São Caetano. O trabalho foi realizado pela bióloga e professora da USCS Marta Ângela Marcondes, com o auxílio de dois estagiários pesquisadores, Natalia Fernandes Xavier e Jefferson Wesley Teixeira, ambos com 22 anos e estudantes do 7º semestre do curso de Biologia.

As primeiras paradas foram na Avenida dos Estados, em Santo André. Em uma delas, na altura do número 5.852, uma sacola plástica cheia de lixo era levada pela correnteza. A pouca vegetação às margens implica no aumento da temperatura ambiente, que por sua vez compromete a qualidade de OD (Oxigênio Dissolvido) da água. “Quanto maior a temperatura, menor o oxigênio dissolvido, colaborando para aumento do grupo de bactérias”, explica Marta. Na análise prévia (a definitiva ficará pronta até o fim desta semana), o OD registrado estava menor que 0,5 mg/l.

Ao coletar água do córrego Jundiaí, afluente que deságua no Tamanduateí e situa-se em frente à Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), a pesquisadora se surpreendeu com o que viu: um trio de homens pescava no local, mesmo as águas não sendo 100% limpas. “Quando tem lixo, a gente tira. A água vem de um pesqueiro que fica próximo (em um dos cantos do piscinão do bairro Santa Terezinha)”, disse o catador de papelão Fábio da Silva, 31, ao fisgar uma pequena tilápia, peixe mais resistente a doenças. O OD do local ficou entre 7 e 8 mg/l.

Nos trechos analisados em São Caetano, só havia lixo e água com aspecto gorduroso. Em todos os pontos de coleta nas duas cidades, a água manteve o nível de OD em 0,5 mg/l ou menor que esse valor.

Para Marta, a única parte positiva da coleta de ontem foi no Córrego Jundiaí que, pelas condições, mostrou que não está contribuindo para a piora do rio. “Foi minha surpresa e alegria de hoje (ontem). Aquilo mostra que, se evitar a chegada do esgoto, mantiver a vegetação e certos cuidados, é possível revitalizar o corpo d’água. Prova a teoria de que, se a gente fizer um movimento para ajudar o rio, consegue recuperá-lo”, salientou a pesquisadora. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;