Marcos Fernandes de Omena e Cristian de Souza Augusto foram criados na periferia de São Bernardo. Anos mais tarde, dividiram a mesma cela no Carandiru. Omena, conhecido como Dexter, cumpria 17 anos por homicídio e assalto à mão armada, enquanto que Augusto, o Afro-X, foi sentenciado a 14 anos, também por assalto à mão armada e estelionato. Ambos formam a 509-E, dupla de rap que leva o nome da cela que ocuparam e o peso de falar do sistema prisional e da realidade das ruas.

O exemplo dos rappers e da atriz Sophia Bisilliat, que se dedica ao trabalho de humanização no sistema penitenciário foi o ponto de partida da diretora Luciana Burlamaqui no documentário Entre a Luz e a Sombra, que estreia no dia 27 e tem pré-estreia amanhã, às 15h, dentro da programação do Consciência BlackFestival, no Parque da Juventude (Rua Armando Ítalo Setti), em São Bernardo, com entrada franca.

"Encontrei no trabalho dos três a oportunidade de investigar quais as chances de uma pessoa que entra na vida do crime conseguir sair. Mas ao observar a interação dos três pude ir além e investigar profundamente a natureza do homem, que pode ser até mais impactante do que a violência em si", diz a documentarista, que trabalhou no chamado one person crew: filmou e cuidou do áudio ela mesma, às vezes tendo de carregar 12 kg de equipamentos.

Além de ser filmado dentro do presídio que já não existe mais, o trio foi acompanhado por shows e palestras, incluindo em unidades da Febem. Sophia, que comandava o projeto Talentos Aprisionados, se tornou em empresária da dupla em 1999. Afro-X terminou de cumprir sua sentença em abril deste ano. Dexter continua preso em Hortolândia.