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Cálculo do IMC não é confiável, dizem médicos
Fabio Berlinga
Do Diário do Grande ABC
30/08/2006 | 22:41
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Basear-se apenas no cálculo do IMC (Índice de Massa Corporal) para controlar o peso não é estratégia confiável, segundo especialistas no assunto. A justificativa dos médicos é que o sistema não leva em consideração gorduras localizadas presentes em pessoas com índice considerado saudável – entre 18,5 e 24,9 (veja quadro ao lado). A concentração de gordura na região da cintura – a indesejável barriga – é fator que contribui para doenças e ocorrências como diabetes, hipertensão arterial, infarto, derrame, entre outras. O IMC é calculado dividindo-se o peso da pessoa pela altura ao quadrado.

“A tabela pode deixar tranqüilo quem não deveria estar. Muitos indivíduos têm o IMC menor que 25 – considerado saudável – mas acumulam fatores de risco para doenças cardiovasculares, por exemplo. Nós apontamos dois grupos que podemos considerar de risco nestas circunstâncias: aqueles com o IMC acima de 30 ou com acúmulo de gordura ao redor do abdômen”, alerta o endocrinologista Alfredo Halpern, professor da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).

Ele afirma ser importante a medida do diâmetro da região da cintura. “Os homens cuja circunferência abdominal for maior que 94 cm e as mulheres com mais de 80 cm de cintura estão em risco”, alerta Halpern. A medição deve ser feita com uma fita métrica, quatro centímetros abaixo da cintura.

Gordura visceral – A posição de Alfredo Halpern é compartilhada pela endocrinologista da Faculdade de Medicina do ABC Maria Ângela Marino. “Hoje, nós não avaliamos apenas a massa corporal, estudamos também o que chamamos de gordura visceral, aquela que se aloja nos órgãos, como o fígado, ou nas artérias, causando problemas cardíacos”. Segundo ela, no caso da análise de crianças e adolescentes, a tabela se torna ainda menos confiável por causa do crescimento. “A altura oscila para cima, então, quem está com o IMC saudável hoje pode não estar daqui a um ano ou dois. Por isso o IMC se torna cada vez mais discutível”, explica Maria Ângela. “Neste caso, nós calculamos a porcentagem de gordura no corpo, baseados em uma tabela que varia de acordo com o crescimento da criança”.

Se no caso dos adultos a medição da circunferência abdominal pode auxiliar na avaliação do excesso de peso, a realidade não é a mesma para crianças e adolescentes. De acordo com Maria Ângela Marino, ainda não se estabeleceu um padrão de medida para esta faixa de idade. “No ambulatório de obesidade infantil que mantemos na faculdade, estamos tentando chegar a números confiáveis que nos especifiquem níveis seguros de gordura para cada faixa etária”, declara a médica.

Como o diagnóstico não é tão simples quanto nos adultos, a médica aconselha os pais a levarem seus filhos regularmente ao endocrinologista. E alerta que as doenças causadas pela gordura excessiva no organismo podem se manifestar no curto prazo. “A gordura acumulada no fígado, por exemplo, pode levar a hepatite ou até a uma cirrose que, se não for diagnosticada e tratada rapidamente, pode tornar-se crônica”.



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