A Mercedes-Benz reafirmou ontem que irá manter a decisão de demitir 500 funcionários da fábrica de São Bernardo. O anúncio sobre os cortes foi feito na semana passada pela presidência da empresa em reunião com trabalhadores ocorrida dia 18.

Representantes da montadora e do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC se reuniram ontem para tentar chegar a acordo que garanta o emprego dos colaboradores que estão em lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho).

Entretanto, não houve consenso entre as partes, e os funcionários afastados deverão ter os contratos rescindidos até o dia 1º de junho. O sindicato convocou todos os empregados em lay-off para comparecerem na sede da entidade às 15h de hoje, quando deverão ser definidas ações do movimento sindical sobre o tema. Ainda não há previsão de manifestações ou paralisações.

Procurada pelo Diário, a Mercedes confirma que os contratos dos 500 trabalhadores serão encerrados ainda nesta semana. A empresa afirma que a medida foi necessária devido à queda nas vendas de veículos comerciais (caminhões e ônibus). Entre janeiro e abril, o número de emplacamentos de unidades dessa categoria caiu 39,3% na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).

Apesar de não desistir das demissões, a Mercedes garante que “está à disposição” para negociar alternativas de gerenciamento do excesso de mão de obra na unidade. Segundo a montadora, após os cortes, o excedente na planta chegará perto de 2.000 trabalhadores, considerando 1.750 que estão na ativa e outros 215 que possuem doenças laborais e permanecerão em lay-off até o fim de setembro. Para reduzir ainda mais o nível de produção, 7.000 funcionários serão colocados em férias coletivas por 15 dias, a partir de segunda-feira. A fábrica possui efetivo de aproximadamente 10,5 mil pessoas no Grande ABC.

O Diário teve acesso ao telegrama enviado pela empresa a um funcionário que conta estar afastado das atividades por motivo de doença. O documento diz: “Considerando a atual situação e sem qualquer possibilidade de seu retorno ao trabalho, a Mercedes-Benz do Brasil informa que seu contrato de trabalho será rescindido no dia 1º”. O texto convoca o colaborador a comparecer na fábrica na sexta-feira, às 8h, para que a demissão seja efetivada.

Sem se identificar, o metalúrgico, que atua na empresa há 40 anos, diz que o clima é de apreensão e que os operários se sentem pressionados pela direção da companhia.