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Chico Buarque de Holanda faz homenagem ao pai
07/07/2002 | 21:33
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Sábado, o auditório do Centro Universitário Maria Antônia, em São Paulo, encheu-se de ouvintes nas palestras do crítico literário Antonio Candido e do historiador Fernando Novais sobre Sérgio Buarque de Holanda, autor dos clássicos Raízes do Brasil e Visão do Paraíso, nascido em 11 de julho de 1902. As mais de 250 pessoas que se dividiram em duas salas (numa delas, as falas foram exibidas num telão) ainda presenciaram a leitura de um trecho de Raízes do Brasil pelo compositor e cantor Chico Buarque, um dos sete filhos de Sérgio Buarque e sua mulher, Maria Amélia. Também estiveram presentes Ana, Sergito e Maria do Carmo, irmãos de Chico, e Silvia Buarque, filha do compositor.

Chico leu, do capítulo O Homem Cordial, um trecho que apresenta um dos mais conhecidos conceitos trabalhados pelo historiador e que começa assim: “Já se disse, numa expressão feliz, que a contribuição brasileira para a civilização será de cordialidade – daremos ao mundo o ‘homem cordial‘“. Antes disso, Fernando Novais destacou as relações entre a sociologia e a história na obra de Sérgio Buarque, e Antonio Candido, além de lembrar o tempo em que ele atuava como crítico.

Para Novais, os textos inéditos de Sérgio Buarque revelam uma preocupação com o estilo digna de um grande escritor. “É raro os historiadores serem grandes escritores”, afirmou. Na sua opinião, o historiador seguiu num sentido inverso ao da tradição da história brasileira. “A partir do começo do século 20, a história deixa de ser um gênero literário; os historiadores passam a escrever mal para se firmar como cientistas”, explicou. Outra qualidade incomum de Sérgio Buarque seria sua capacidade de lidar com os conceitos de forma “absolutamente libertária”: “Ele historicizava os conceitos.”

O professor Antonio Candido lembrou que, no tempo em que Sérgio Buarque escrevia no jornal, tinha o título de crítico titular – algo como o colunista. “Uma das grandes dificuldades da atividade de crítico de jornal é que sua unidade de tempo é a semana”, disse. De uma semana para outra, o crítico tem de escolher um autor, lê-lo e dizer se aquela obra ficará ou se será esquecida. “O crítico titular tem de ser como o pintor de aquarela: ou a pincelada vale ou não vale, não tem retoque.”




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