Chico leu, do capítulo O Homem Cordial, um trecho que apresenta um dos mais conhecidos conceitos trabalhados pelo historiador e que começa assim: “Já se disse, numa expressão feliz, que a contribuição brasileira para a civilização será de cordialidade – daremos ao mundo o ‘homem cordial‘“. Antes disso, Fernando Novais destacou as relações entre a sociologia e a história na obra de Sérgio Buarque, e Antonio Candido, além de lembrar o tempo em que ele atuava como crítico.
Para Novais, os textos inéditos de Sérgio Buarque revelam uma preocupação com o estilo digna de um grande escritor. “É raro os historiadores serem grandes escritores”, afirmou. Na sua opinião, o historiador seguiu num sentido inverso ao da tradição da história brasileira. “A partir do começo do século 20, a história deixa de ser um gênero literário; os historiadores passam a escrever mal para se firmar como cientistas”, explicou. Outra qualidade incomum de Sérgio Buarque seria sua capacidade de lidar com os conceitos de forma “absolutamente libertária”: “Ele historicizava os conceitos.”
O professor Antonio Candido lembrou que, no tempo em que Sérgio Buarque escrevia no jornal, tinha o título de crítico titular – algo como o colunista. “Uma das grandes dificuldades da atividade de crítico de jornal é que sua unidade de tempo é a semana”, disse. De uma semana para outra, o crítico tem de escolher um autor, lê-lo e dizer se aquela obra ficará ou se será esquecida. “O crítico titular tem de ser como o pintor de aquarela: ou a pincelada vale ou não vale, não tem retoque.”
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