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Pacientes sofrem em pronto-socorro de Santo André

Enquanto evento celebra entrega de reforma
no Centro Hospitalar, emergência tem demora

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
29/04/2015 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


O mesmo hospital, mas realidades diferentes. Assim era o cenário do CHM (Centro Hospital Municipal) de Santo André na tarde de ontem. Enquanto o secretário de Saúde da cidade, Homero Nepomuceno Duarte, inaugurava a reforma e ampliação do segundo andar – com direito a comes e bebes para os convidados ao fim do evento –, no térreo, onde fica o PS (Pronto-Socorro), a situação era de sofrimento por parte de quem aguardava há horas por atendimento. As pessoas aglomeravam-se em bancos e os pacientes mais debilitados permaneciam em macas ou cadeiras de rodas.

Às 16h, horário em que estava marcada a solenidade em palco montado do lado de fora, idoso de 77 anos, que preferiu não se identificar, esperava desde às 9h30 por um neurocirurgião para avaliá-lo após queda. “Sou diabético, estou até agora sem comer e não posso ficar tanto tempo sem me alimentar. Toda hora falam que o médico está descendo, mas ele nunca chega”, reclamou ele, que só foi atendido às 16h28.

Com problemas de circulação que lhe causam inchaço e feridas nas pernas, Eli Nunes Porfírio, 62, chegou ao CHM por volta de meio-dia. Ele estava na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Centro, mas foi encaminhado ao hospital para avaliação cirúrgica. Quatro horas depois, estava deitado em maca no corredor. “Me jogaram nessa cama e ninguém vem falar nada”, disse.

No momento do evento, era possível ver grande quantidade de profissionais assistindo à cerimônia. O fato causou indignação de quem esperava atendimento. “Cheguei há 40 minutos e a ficha nem saiu da recepção. Perguntei para uma pessoa que estava vestida de branco se tinha ortopedista e me disseram que estavam todos lá fora (na solenidade)”, falou a administradora Francisca Colaço, 36, que passaria o filho de 13 anos em consulta após o garoto cair do skate.

“Anunciaram o evento no alto-falante. Estou esperando ortopedista há duas horas e dez minutos”, contou Ana Rebeca da Silva, 21, que estava com dores na coluna.

Indagado sobre a presença dos médicos na cerimônia, o secretário de Saúde disse que os funcionários do PS não deixaram o atendimento. “Os médicos estavam no pronto-socorro trabalhando porque eles não podem sair. Agora, os profissionais das enfermarias, que atendem os pacientes internados, acompanharam com tranquilidade a inauguração. Não houve prejuízo para ninguém.”

Com relação aos pacientes que já haviam passado pela recepção e aguardam nos corredores em situação desconfortável, o diretor do CHM, José Antônio Souto Tiveron, disse que todos passam por classificação de risco, que avalia se o caso é de urgência ou não.

Sobre o idoso que ficou por sete horas, sem comer, aguardando consulta com o neurocirurgião, Duarte falou que o CHM é “um dos poucos hospitais que tem o profissional” e, por essa razão, a demanda é grande. “Nossa equipe possui dois neurologistas de plantão, que precisam operar, ver os pacientes internados e as avaliações daqueles que vêm de outras unidades de Saúde. Então, as pessoas são vistas quando chegam, recebem o primeiro atendimento, são classificadas conforme o risco e, depois, dentro de situação bastante tranquila, elas acabam, por alguns momentos, até por resultados de exames e outras avaliações, tendo um tempo de espera”, disse ele, que, em seguida, completou: “Ou a gente muda o enfoque do entendimento do processo de atendimento ou sempre vai ficar com esse tipo de colocação, achando que a Saúde é fast-food, que chego lá e já tem um lanche pronto. Não é assim.”

Hospital Dia prevê aumento de 20% na capacidade de atendimento

A partir do dia 4 de maio, o CHM (Centro Hospitalar Municipal) de Santo André passará a contar com o Hospital Dia, serviço que oferece cirurgias de pequena e média complexidade e nas quais o paciente permanece internado por até 24 horas. A entrega do espaço ocorreu na tarde de ontem, juntamente com a revitalização da enfermaria da Pediatria e a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) pediátrica, todos instalados no segundo andar do hospital. As obras custaram R$ 150 mil e foram executadas por equipe da própria unidade. Foram investidos ainda, R$ 600 mil em equipamentos.

Entre os processos cirúrgicos que serão disponibilizados no Hospital Dia estão os de hérnias, hemorroidas, varizes e urológicos, como vasectomia. A expectativa é aumentar em 20% a capacidade de atendimento. “Em 2012, fechamos o ano com 3.750 cirurgias; em 2104 foi para 5.181, então, imaginamos que agora vamos chegar a 6.000 por ano”, falou o diretor do CHM, José Antônio Souto Tiveron. 




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