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Andreenses vivenciam terremoto no Nepal

Casal e filho de 15 dias enfrentam tremor e saem sem nenhum arranhão; família aguarda retorno

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
29/04/2015 | 07:07
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Celso Luiz/DGABC


A administradora de empresas de Santo André Mônica Bevilacqua, 41 anos, recebeu por WhatsApp, na manhã de sábado, vídeo do irmão Marcelo, 47, com o filho recém-nascido, o pequeno Pedro. Juntamente com a mulher, Kelly Pineiro Bevilacqua, 42, o andreense vive em Katmandu, capital do Nepal, há quatro anos. O momento de alegria pelo sobrinho transformou-se em desespero para Mônica no fim da mesma manhã, quando chegou a notícia do terremoto que assolou o país e, até ontem, matou ao menos 4.310 pessoas, de acordo com o governo local.

Marcelo e a mulher são missionários da Igreja Batista e trabalham em projeto social com jovens nepalesas. Mônica explica que Kelly, que é natural de Mogi das Cruzes, deu a luz ao menino no dia 14. De férias, o outro irmão da administradora de empresas, o biólogo Gilson Bevilacqua, 49, foi visitar o sobrinho.

A notícia do terremoto chegou à Mônica por um amigo. Ela, imediatamente, tentou entrar em contato. “Telefonava, mas ninguém atendia. Fiquei desesperada. Graças a Deus, às 11h30 ligaram e avisaram que estavam bem, apesar de muito assustados. Só depois disso contei para minha mãe.”

A dona de casa Aparecida Alves Bevilacqua, 72, é viúva e sofre de pressão alta. Quando recebeu a notícia da filha em casa, na Vila Pires, começou a chorar. “Liguei a TV e vi o tamanho da destruição. Sabia que estavam bem, mas viveram aquele terror”, disse.

O terremoto teve magnitude de 7,8 e é o mais violento dos últimos 80 anos no Nepal. Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), 8 milhões de pessoas foram afetadas pelo desastre.Conforme estimativa do Itamaraty, há 211 brasileiros no país.

“Eles não sofreram nenhum arranhão e nos falamos todo dia pelo WhatsApp. O sinal lá está muito ruim, mas sempre dão um jeito de mandar um áudio para tranquilizar a gente”, afirmou Mônica.

Marcelo e Kelly se conheceram no Nepal, onde atuam no projeto Meninas dos Olhos de Deus, mantido pela Igreja Batista por doações. A ação resgata jovens envolvidas em prostituição, tráfico de drogas e situações de extrema pobreza. Há casas onde elas dormem, estudam e conseguem melhorar as condições de vida.

Atualmente, os dois irmãos de Mônica, a cunhada e também a mãe dela, Ivone Prieto, 60, que está no país para ajudar a filha no pós-parto, estão em abrigo junto com as meninas do projeto. O casal dorme com o bebê em uma van. “A casa deles não ficou muito devastada, mas saíram de lá por medo de desabamento. As condições estão precárias, disseram que tinham suprimentos guardados, mas enfrentam dificuldades com o bebê. Além disso. falaram muito sobre o forte cheiro dos corpos nos escombros”, disse a irmã.

As duas famílias fizeram campanha para arrecadar dinheiro para as passagens de volta. O valor já está disponível na conta do casal , e Gilson tem passagem comprada. O passaporte do bebê foi emitido na segunda-feira, com ajuda da embaixada brasileira. “Agora só estão esperando um voo, porque o funcionamento do aeroporto não está normal.”

O casal já avisou que retorna ao Brasil apenas por causa de Pedro. Após a situação se acalmar, voltarão ao Nepal. “Por mim moravam aqui de vez, porém, filho criado não se controla. Mas que o coração de mãe fica apertado, fica”, garantiu Aparecida. 




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