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Leitura e redação: faces da mesma moeda

Advogo a tese de que a pessoa, para usufruir integralmente o estatuto de ser humano, além de conquistar as necessidades básicas, como alimentação, moradia, segurança etc, precisa alcançar a condição de indivíduo-leitor plenamente capacitado, amadurecido e, ouso dizer, autorrealizado

Do Diário do Grande ABC
27/04/2015 | 08:37
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Artigo

Advogo a tese de que a pessoa, para usufruir integralmente o estatuto de ser humano, além de conquistar as necessidades básicas, como alimentação, moradia, segurança etc, precisa alcançar a condição de indivíduo-leitor plenamente capacitado, amadurecido e, ouso dizer, autorrealizado.

Para tanto, é necessário que o indivíduo seja invadido por permanente paixão pela leitura, cuja receita é a mais simples possível: para despertar o hábito de ler, antes é preciso despertar o gosto pela leitura, é necessário mostrar que sem leitura passamos pela existência sem vivê-la integralmente.

Tudo bem que a pessoa pode viver sem que a leitura desfrute tanto valor quanto uma cesta básica, mas espanta o fato quando aluno universitário declara que ‘na minha vida li apenas dois livros inteiros’. Tal descalabro evidencia a que lugar a leitura se encontra na lista de prioridades pessoais.

Da falta de leitura para a escrita truncada, inacessível, ininteligível, é um passo, como o demonstra a frase seguinte: ‘Concerteza, não tenho o abto de ler fixão’. Com certeza, a pessoa não tem o hábito de ler ficção nem outro gênero, muito menos consultar compêndio gramatical ou minidicionário.

Claro está que a leitura contribui para que a pessoa desenvolva escrita adequada, proficiente, que expresse suas ideias com determinação e desenvoltura. O problema reside no fato de que a escrita também precisa ter frequência, tornar-se hábito, para poder desenvolver-se, ampliar, transformar-se em parte da própria pessoa.

Da crença arraigada de que a escrita está envolta em mistérios, como dom para poucos, à convicção por parte da pessoa acerca de suas potencialidades linguístico-discursivas, passando pela prática de redação em nossas escolas, o caminho é amplo e ao mesmo tempo profundo. Horizontalmente, trata-se de percurso que deve ser trilhado com vistas a mostrar que todos podem ser escritores, ou seja, protagonistas de seu próprio projeto de dizer. Verticalmente, um campo de batalha se interpõe entre o escritor e a escrita, dados os medos, os mitos, os bloqueios etc que cercam o ato de escrever e que precisam ser superados.

Em meio ao analfabetismo funcional, decorrente de Educação que não consegue capacitar minimamente o indivíduo, que dirá torná-lo crítico e reflexivo, a leitura precisa fazer parte da agenda das preocupações de todo aquele que a considera fundamentalmente exercício de superação da própria condição humana.

Sérgio Simka é professor universitário e escritor.

Palavra do leitor

Advogo a tese de que a pessoa, para usufruir integralmente o estatuto de ser humano, além de conquistar as necessidades básicas, como alimentação, moradia, segurança etc, precisa alcançar a condição de indivíduo-leitor plenamente capacitado, amadurecido e, ouso dizer, autorrealizado.

Para tanto, é necessário que o indivíduo seja invadido por permanente paixão pela leitura, cuja receita é a mais simples possível: para despertar o hábito de ler, antes é preciso despertar o gosto pela leitura, é necessário mostrar que sem leitura passamos pela existência sem vivê-la integralmente.

Tudo bem que a pessoa pode viver sem que a leitura desfrute tanto valor quanto uma cesta básica, mas espanta o fato quando aluno universitário declara que ‘na minha vida li apenas dois livros inteiros’. Tal descalabro evidencia a que lugar a leitura se encontra na lista de prioridades pessoais.

Da falta de leitura para a escrita truncada, inacessível, ininteligível, é um passo, como o demonstra a frase seguinte: ‘Concerteza, não tenho o abto de ler fixão’. Com certeza, a pessoa não tem o hábito de ler ficção nem outro gênero, muito menos consultar compêndio gramatical ou minidicionário.

Claro está que a leitura contribui para que a pessoa desenvolva escrita adequada, proficiente, que expresse suas ideias com determinação e desenvoltura. O problema reside no fato de que a escrita também precisa ter frequência, tornar-se hábito, para poder desenvolver-se, ampliar, transformar-se em parte da própria pessoa.

Da crença arraigada de que a escrita está envolta em mistérios, como dom para poucos, à convicção por parte da pessoa acerca de suas potencialidades linguístico-discursivas, passando pela prática de redação em nossas escolas, o caminho é amplo e ao mesmo tempo profundo. Horizontalmente, trata-se de percurso que deve ser trilhado com vistas a mostrar que todos podem ser escritores, ou seja, protagonistas de seu próprio projeto de dizer. Verticalmente, um campo de batalha se interpõe entre o escritor e a escrita, dados os medos, os mitos, os bloqueios etc que cercam o ato de escrever e que precisam ser superados.

Em meio ao analfabetismo funcional, decorrente de Educação que não consegue capacitar minimamente o indivíduo, que dirá torná-lo crítico e reflexivo, a leitura precisa fazer parte da agenda das preocupações de todo aquele que a considera fundamentalmente exercício de superação da própria condição humana.

Sérgio Simka é professor universitário e escritor. 




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