O lançamento do documentário "Autonomistas", anteontem em São Caetano, foi a oportunidade para que Mário Porfirio Rodrigues, Nelson Infanti e Desiree Malateaux Netto, na plateia do Teatro Santos Dumont, reencontrassem um período de suas vidas da qual se orgulham muito: a emancipação de Santo André, que completa hoje 61 anos. O filme, de cerca de uma hora, foi produzido por Marcos Galinari e Simone Affonso, da Blá Filmes.

Rodrigues, Infanti e Malateaux, todos na faixa dos 80 anos, foram líderes autonomistas, ou seja, colocaram efetivamente a mão na massa para que São Caetano deixasse de ser o 2º subdistrito de Santo André e finalmente começasse a crescer proporcionalmente à arrecadação, que era excelente por conta da presença da indústria, mas não se refletia na cidade, cujo esgoto corria a céu aberto. "Foi a maior aventura da minha vida. Eu tinha de caçar votos na rua para o plebiscito. Ficava na porta das fábricas esperando o pessoal sair e ia conversando. Meu trabalho foi na rua", conta Infanti sobre o período que antecedeu a votação popular que pedia a autonomia.

"Me sinto rejuvenescido ao assistir ao documentário porque me recordo de um tempo em que ajudei a cidade. Foram tempos difíceis, mas maravilhosos", diz Rodrigues, um dos idealizadores do Jornal de São Caetano, inaugurado a dois anos da autonomia e responsável por difundir o movimento de emancipação. Rodrigues e Malateaux foram entrevistados para o filme, que conta ainda com depoimentos da primeira vereadora de São Caetano, Olga Montanari, entre outros líderes autonomistas.

O documentário, que será exibido no próximo mês durante Congresso de História na USCS, deve agora circular pelas escolas e ganhar espaço de exibição permanente no Museu da cidade, que conta com uma sala dedicada aos autonomistas. O filme também recebeu menção honrosa no 21º Festival de Vídeo de Santo André.