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'Não serei bode expiatório do Société Générale', diz corretor
Da AFP
05/02/2008 | 14:58
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O corretor financeiro francês Jerome Kerviel, acusado pelo banco Societé Générale de ter causado uma fraude milionária, admitiu nesta terça-feira parte de sua responsabilidade, mas se negou a ser o bode expiatório da entidade para a qual trabalhava.

"Fui destacado como o único responsável pela Société Générale. Assumo minha parte da responsabilidade, mas não serei o bode expiatório deles", explicou o operador de 31 anos durante uma entrevista realizada no escritório de sua advogada, Elisabeth Meyer, em Paris (capital francesa).

Usando camisa branca quadriculada e jeans, de olhos claros e cabelos muito curtos, Jérôme Kerviel, que se tornou o corretor mais famoso do planeta, se manifestou com uma voz tímida e doce, sempre ao lado de seu advogado durante a entrevista concedida à AFP.

Essa foi a primeira vez que o corretor falou à imprensa, mas não quis entrar em detalhes sobre o escândalo financeiro, já que prefere "reservar as declarações para os juízes".

Caso -
O Société Générale, o terceiro maior banco francês, acusa Kerviel de ter cometido uma fraude de 4,9 bilhões de euros (mais de R$ 12 bilhões) ao realizar operações não autorizadas e extremamente arriscadas no mercado de ações durante um ano, sem que os sistemas de controle da instituição detectassem nenhuma irregularidade.

"Se perde a noção das quantidades quando se está mergulhado nesse tipo de trabalho. A pessoa se deixar levar um pouco", explicou Kerviel. Segundo o Societé Générale, seu empregado chegou a investir 50 bilhões de euros, uma quantia que, segundo os especialistas, não pode passar despercebida por nenhum banco.

Um relatório divulgado na véspera pela ministra francesa das Finanças, Christine Lagarde, concluiu que os controles internos do Societé Générale não funcionaram como deveriam nesse caso. "Nunca tive uma ambição pessoal nesse assunto. O objetivo era fazer o banco ganhar dinheiro", afirmou o corretor, que se encontra sob proteção policial 24 horas por dia.

O corretor, que foi interrogado na segunda-feira pela primeira vez pelo juiz Renaud van Ruymbeke a respeito do caso, alegou "não ter ainda noção do tamanho" da repercussão internacional do caso.

"Foi tudo tranqüilo", assegurou. "Disse exatamente o que tinha a dizer no interrogatório, que a hierarquia do banco não podia ignorar suas operações", afirmou. "Não sou nem suicida, nem depressivo", garantiu, assegurando que a imprensa faz muita pressão sobre ele. "Há muitas coisas a dizer. Há muita desinformação nos jornais", concluiu. 



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