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Confiança e diálogo são armas contra drogas nas escolas
Illenia Negrin
Do Diário do Grande ABC
26/06/2004 | 18:33
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Especialistas que atuam no combate ao uso de drogas nas escolas do Grande ABC são unânimes ao dizer que o discurso padrão diga não às drogas não funciona. Os agentes de prevenção falam com a propriedade de quem levanta arquibancada, arranca aplausos e distribui autógrafos para a garotada, tamanha a cumplicidade que desenvolvem no convívio com os alunos.

Para eles, o trabalho deve ser contínuo, de conquista, convencimento, cumplicidade, e começar com a criança. O ideal é que os professores sejam capacitados para tratar o tema dentro dos muros da escola e não taxar o usuário de aluno-problema.

Que as drogas proporcionam prazer, os jovens já sabem — porque muitos já experimentaram — ou ouviram o amigo contar. Por isso, mostrar que o uso contínuo e abusivo causa estragos irreparáveis é o ponto de partida da prevenção. “Explicamos, muito bem explicadinho, quais são as conseqüências desse abuso. Não podemos ser ingênuos e simplesmente proibir. Quando ele está a fim, ninguém segura. Temos que dar elementos e oportunidades para que façam uma escolha consciente”, afirma Daniela Baldan, coordenadora do programa Juventude Cidadã, da Prefeitura de São Bernardo. O projeto atende 3,2 mil jovens entre 14 e 29 anos, matriculados nas 40 modalidades de cursos gratuitos oferecidas, que vão de skate a acrobacias de circo.

A quebra de estereótipos também é fundamental para desmistificar as drogas e os usuários. O jovem considerado bom de copo, ou aquele que “fuma um cigarrinho de maconha” para assistir aula todos os dias, por exemplo, ainda é tido como o bambambam da turma. “É um exemplo de falta de auto-estima. A maioria dos usuários tem uma dependência emocional em relação à droga, porque ela anestesia a dor de se descobrir quem é, e do processo difícil da adolescência. Mas existe a dependência química. De cada cem jovens, 15 vão viver a dependência química, porque são compulsivos”, explica Ricardo Galhardo, professor de Relações Humanas e Saúde, do Pueri Domus Petrópolis, de São Bernardo.

Galhardo defende o diálogo franco e sem rodeios como meio eficaz para reforçar em casa o que é aprendido na escola. “Os pais devem mostrar suas fraquezas, a relação precisa ser menos autoritária. A família deve entrar num processo de nudez e o filho precisa de apoio nessa fase de descobertas. O não às drogas é balela se não há intimidade”.




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