Cultura & Lazer Titulo
Julio Bressane é bem recebido em Veneza com 'Cleópatra'
Da AFP
01/09/2007 | 16:37
Compartilhar notícia


O cineasta brasileiro Julio Bressane levou para o Festival de cinema de Veneza o mito Cleópatra com um filme "cult" e elegante, exibido neste sábado na seção intitulada "Veneza Mestres".

Bressane, de 61 anos, um dos fundadores do movimento Cinema Novo e pai do cinema experimental latino-americano, confessou sua emoção com a primeira projeção pública do filme "Cleópatra" no Palácio veneziano, onde foi bastante aplaudido.

Com a lenda de Cleópatra, um dos mitos mais extravagantes da antigüidade, Bressane lança-se em uma espécie de viagem interior, em um espaço histórico pessoal, marcado pela estilização da cultura egípcia, ambientado com cores alaranjadas e acobreadas, com figuras geométricas e cenas rodadas nos sugestivos penhascos do Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro.

"Que posso dizer? Meu filme é como entrar no subconsciente", admitiu à AFP o diretor, que reviveu em 2001 outro personagem histórico, o filósofo alemão Friedrich Nietzsche, narrando de alguma maneira no filme "Dias de Nietzsche em Turim" o processo mental que o levou à loucura.

Bressane, convidado pessoalmente pelo diretor da Mostra veneziana, Marco Muller, consegue contar 'a sua maneira' a complexidade da figura de Cleópatra (interpretada pela atriz Alessandra Negrini), última rainha do Egito.

De origem grega, amante de Julio César (Miguel Falabella) e Marco Antônio (Bruno Garcia), hábil política e mulher sábia, chegou a ser identificada com as deusas Afrodite e Ísis.

Bressane, que trabalhou durante 15 anos no tema e fez diversas pesquisas sobre a vida de Cleópatra, consultando os textos de Plutarco, obteve uma iconografia especial, exótica, graças a moedas e esculturas da época.

O cineasta, que introduz sóbrias cenas de sexo e inclusive faz uso em algumas partes de música contemporânea, danças e mímicas, afirma que seu filme tenta transmitir a visão com a qual a cultura portuguesa abordou o mito de Cleópatra.

"Este pequeno filme, que aborda o grande tema da tirania, narra a lenda de Cleópatra (...) segundo um imaginário lingüístico, uma linguagem que conta com a força do lirismo", escreveu Bressane.

Para o cineasta, Cleópatra, que levou uma vida mais que tempestuosa e decidiu se suicidar no ano 30 a.C. após ter conseguido subjugar o Império Romano, foi uma mulher "entusiasta, trágica, musical, apaixonada pela razão, intelectual, símbolo da junção de culturas, mistura de loucura e sobriedade, resumindo, um sonho...".




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;