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Livro: Madre Teresa de Calcutá duvidou da existência de Deus
Da AFP
25/08/2007 | 17:05
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A Madre Teresa de Calcutá sofreu de crise de fé durante grande parte de sua vida e, inclusive, duvidou da existência de Deus, segundo cartas que serão publicadas na próxima semana em um livro. "Jesus te ama de uma forma muito especial. No meu caso, o silêncio e o vazio são tão grandes que olho e não vejo, escuto e não ouço", escreveu a missionária a seu confidente, o reverendo Michael Van Der Peet, em 1979.

As cartas, muitas das quais Madre Teresa quis rasgar, aparecem em "Mother Teresa: Come Be My Light" ("Madre Teresa: venha ser a minha luz"), livro será publicado 10 anos depois de sua morte. Alguns fragmentos do livro foram publicados em edição recente da revista Time.

Em mais de 40 cartas que cobrem um período de 66 anos, a monja de origem albanesa que dedicou sua vida a trabalhar com os pobres nos subúrbios de Calcutá, na Índia, escreveu sobre a "escuridão", a "solidão" e a "tortura" em que vivia.

"Onde está minha fé, inclusive aqui no mais profundo não há nada, meus Deus, que dolorosa é esta pena desconhecida. Não tenho fé", escreveu em uma carta. "Se há um Deus, perdoa-me, por favor. Quando tento elevar minhas preces ao Céu, há um vazio tão condenador...". "Peço, me agarro, quero, e não há Ninguém para contestar - Ninguém a quem me apegar, não, Ninguém. Sozinha", acrescentou.

Em sua juventude, Madre Tereza teve visões. Em uma delas disse que falou com Jesus crucificado. As cartas revelam que, exceto por um breve período em 1959, passou a maior parte dos últimos 50 anos de sua vida duvidando da presença de Deus.

O editor do livro, reverendo Brian Kolodiejchuk, é um membros das Missionárias da Caridade de Madre Teresa e foi responsável pelo pedido de sua santificação.

"Nunca li a vida de um santo com uma escuridão espiritual tão profunda. Ninguém sabia que ela estava tão atormentada", disse Kolodiejchuk à revista Time. "Li uma carta para as irmãs (as Missionárias da Caridade) e elas ficaram boquiabertas. O livro dará toda uma nova dimensão à maneira como as pessoas a vêem", acrescentou o reverendo.

Madre Teresa foi beatificada em 2003, seis anos depois de sua morte, quando o Papa João Paulo II acelerou seu processo de santificação. "Se um dia eu for Santa, serei com certeza a santa da escuridão'. Estarei continuamente ausente do Paraíso", escreveu a monja.



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