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Fila em farmácia chega a três horas

Mesmo com mudança no atendimento, unidade de Alto Custo do Hospital Mário Covas, em Santo André, continua a gerar insatisfação

Daniel Macário
Especial para o Diário
25/03/2015 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Mesmo com mudanças no sistema de triagem, a Farmácia de Alto Custo do Hospital Mário Covas, em Santo André, ainda exige paciência de quem depende da unidade, única do tipo na região, para retirada de medicamentos. Isso porque a espera pode chegar a três horas, enquanto que antes levava até quatro horas, em média. Para os pacientes, a melhora foi insignificante.

Desde fevereiro, quem chega ao local recebe senha para, em seguida, passar pela triagem e esperar o atendimento nos guichês. Na prática, porém, forma-se mais uma fila de pessoas que aguardam em pé para pegar a senha.

A equipe do Diário esteve ontem pela manhã na farmácia e acompanhou o sofrimento de quem precisa do serviço. Quem estava no local por volta das 10h, momento em que cerca de 100 pacientes aguardavam atendimento, a maioria idosos, além de enfrentar demora na fila, sofria com falta de assentos e insuficiência de ventiladores, que não davam conta do calor no ambiente. O salão principal de espera não tem ar-condicionado.

Após aguardar três horas, a aposentada Neusa Aparecida Escordamaia, 70 anos, disse não aguentar mais essa rotina. “Sai de casa às 7h, em Diadema, para chegar aqui às 7h50 e só sair com meu medicamento às 11h. Não aguento essa situação. Tenho problema no joelho, estou com esporão nos dois pés (uma calcificação no calcanhar que pode ocasionar dor) e ainda tenho que pegar duas conduções. Hoje só vou chegar em casa depois das 14h. E o pior é que preciso do serviço, pois esses remédios são caros, não tenho condição de comprar.”

Moradora do bairro Demarchi, em São Bernardo, a aposentada Sebastiana Leonor de Oliveira Iida, 78 anos, disse estar acostumada com a fila do lugar. “Sei que uma vez por mês terei que perder um dia aqui. Hoje (ontem) vim mais cedo e, mesmo assim, acho que vou ficar por volta de três horas, mas teve dia que cheguei às 11h e só sai às 15h”, relata a aposentada, que pegou duas conduções para chegar até o hospital. “Não consigo me locomover sozinha. Então, toda vez tenho que trazer minha amiga para me acompanhar. Aliás, ganho um salário mínimo (R$ 788) e não posso me dar ao luxo de negar esse benefício, até porque preciso comprar outros remédios para o coração que eles não fornecem aqui ”, diz a paciente, que ressaltou que, após a mudança do atendimento na triagem, a espera teve ligeira melhora.

Entretanto, pacientes relatam que a fila dura mais tempo às segundas e sextas-feiras. “Quando venho retirar remédio, já tenho certeza que vou ficar aqui por cerca de quatro horas. Hoje (ontem) está tranquilo, mas tem dias que até mesmo a senha do idoso está enorme, pois a maioria dos pacientes é de idade. Uma vez cheguei aqui às 7h e só sai às 14h”, relata a autônoma Rita de Cassia Ferreira da Silva, 39, que precisa faltar ao trabalho para buscar azatioprina. “É um dia perdido por mês.”

Esta não é a primeira vez que o Diário denuncia a demora no atendimento da farmácia neste ano. Em janeiro, usuários do serviço reclamavam de filas de até quatro horas. “O atendimento deles até mudou, agora contam com mais triagem, mesmo assim, a demora ainda persiste”, relata a auxiliar de serviços gerais Elisângela dos Santos Araujo, 38, que ontem chegou ao local às 7h50 e às 10h30 ainda aguardava outras dez pessoas serem atendidas para chegar a sua senha. “Não mudou muita coisa. Agora temos duas salas de espera e muitas pessoas precisam ficar em pé para ver o painel da segundo salão, que sempre está lotado.”

Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde explicou que nesta semana houve aumento atípico de 20% no número de pacientes. Afirmou que a média diária é de 1.500 atendimentos, mas na segunda-feira, foram realizados 1.800. A Pasta destacou ainda que ampliou no ano passado o espaço da farmácia, que conta agora com 500 cadeiras para espera.




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