Setecidades Titulo Santo André
Faltam remédios em unidades de Saúde

Além de não haver medicamentos, pacientes
relatam demora em atendimento de farmácias

Daniel Macário
Especial para o Diário
19/03/2015 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Se o Programa Remédio em Casa tem beneficiado parcela pequena de 360 pessoas em Santo André, o mesmo não pode ser dito sobre a distribuição de medicamentos na rede de atenção básica e especializada da Saúde que é, hoje, a principal forma de os pacientes recorrerem a remédios gratuitos disponibilizados pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Falta de informação, filas e pacientes voltando para casa de mãos vazias têm sido problemas recorrentes na cidade.

Desempregada, Rosângela Martins Soares, 43 anos, é uma das moradoras que não sabem mais a quem pedir ajuda. Desde que sua filha, Priscila Martins Soares, 25, teve meningite, no primeiro mês de vida, utiliza carbanazepina – um dos principais fármacos para controle de convulsões –, encontrada em unidades de Saúde da cidade. Entretanto, há duas semanas ela volta para casa sem o remédio. “Sempre peguei próximo à minha casa, mas o local foi fechado para reforma. Indicaram ir ao Centro de Especialidade 1 (no Centro), mas lá falaram que está em falta em toda a rede. Não sei o que fazer. Estou sem emprego e o remédio só dura até domingo”, relata a mãe, que se mostra aflita com a situação. “Preciso que alguém solucione esse caso rápido.”

Alfredo Jardim Junior, 44, é outro que não consegue pegar medicamento anticonvulsivante. “Não encontro em nenhum lugar a fenitoína e, infelizmente, é o único remédio com o qual me adaptei”, afirma o pintor que, além de estar sem trabalho por conta de sua saúde, precisa tirar dinheiro do bolso para percorrer as unidades. “Os funcionários não conseguem ligar e verificar onde tem. Tive que me deslocar do Jardim Represa até o Centro para voltar sem remédio. Hoje gastei R$ 14 com condução.”

A lista de medicamentos em falta não para por aí. O Diário visitou algumas unidades e apurou que o cloridrato de sertralina, utilizado no tratamento de depressão, e o cetoconazol em pomada – antifúngico – também não são encontrados em Santo André.

Além da falta de remédios, a dificuldade para ser atendido nas farmácias tem sido constante em algumas unidades. Ontem, em duas ocasiões foi possível encontrar fila de espera no Centro de Especialidade 1. Pela manhã, por volta das 10h15, a equipe de reportagem teve de aguardar o atendimento com mais 12 pacientes. À tarde a situação é ainda pior. Às 14h45 foi possível acompanhar 16 pessoas, entre idosos e mães com crianças, esperando o serviço.

Sobre os remédios em falta, a Prefeitura confirmou apenas que não há cetoconazol, cuja licitação será realizada no dia 23. Já a respeito das demais medicações, o Executivo diz ter em estoque no almoxarifado, porém, a distribuição é feita às unidades apenas nas duas primeiras semanas do mês, conforme organização da logística.

USF localizada na Vila Linda tem equipamentos roubados

Como se não bastasse a falta de medicamentos, as unidades de Saúde de Santo André também têm de se preocupar com a segurança. Ontem, a USF (Unidade de Saúde da Família) da Vila Linda teve equipamentos roubados durante a madrugada.

De acordo com funcionários, ao chegar ao local pela manhã, a porta lateral foi encontrada aberta e com cadeados e trincos arrombados. Conforme a Prefeitura, foram levados dois botijões de gás, um aparelho de pressão com estetoscópio, duas garrafas térmicas e um micro-ondas.

Quem atua no local afirma que esta não foi a primeira vez que aconteceu fato semelhante. Por conta do ocorrido, a USF só abriu para atendimento às 10h30.
Durante o período de espera, pacientes que estavam no local aproveitaram a oportunidade para reclamar da falta de copos plásticos para beber água. O Executivo destacou que há problema de abastecimento pontual e a coordenação da unidade está dispensando o tipo disponível.  




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