Obras de urbanização financiadas pelo PAC não
avançam e moradores reclamam do descaso público
Revolta e indignação viraram rotina na vida dos moradores do núcleo Pantanal, localizado no bairro dos Casa, em São Bernardo. As obras para regularizar a situação do local, que fazem parte do Projeto de Urbanização Integrada do PAC Alvarenga, estão paralisadas, assim como a construção de conjunto habitacional para famílias removidas há mais de quatro anos.
O projeto total do PAC Alvarenga tem investimento de R$ 70,9 milhões, sendo R$ 38,8 milhões em repasses do governo federal e R$ 32,1 milhões em contrapartida do município. Contemplará 2.136 famílias, moradoras em quatro assentamentos precários e irregulares: Sítio Bom Jesus, Divineia/Pantanal 1 e 2, Jardim Ipê e Alvarenga Peixoto.
Na etapa Divineia/Pantanal 1 e 2, a estimativa da Prefeitura é de produzir 404 unidades habitacionais e beneficiar total de 757 famílias, incluindo reassentamento e regularização de imóveis, no entanto, o que se vê no local é abandono.
Conforme habitantes da Rua Sagrada Família, ao menos 30 imóveis foram demolidos para dar lugar ao conjunto habitacional. Em meio ao entulho se formou lixão onde há ratos, baratas e escorpiões, além de recipientes com água parada cheios de larvas de insetos.
Na mesma via, a ausência de asfalto contribui para o grande número de buracos. Os moradores afirmam que há mais de 25 anos solicitam pavimentação junto à administração municipal.
O aposentado João Marques da Silva, 73 anos, foi uma das pessoas desalojadas com a promessa de ganhar casa nova. Há quatro anos sem residência fixa, reclama que o auxílio-aluguel é insuficiente. “Recebo R$ 315 da Prefeitura e pago R$ 550 mensais. Sou obrigado a completar o valor com minha aposentadoria e não sei quanto tempo mais terei condições de arcar com esse custo. Tenho problemas de saúde e os remédios são caros.”
Segundo a tapeceira Sueli de Freitas, 51, o Executivo alega que a limpeza do lixão não é possível, pois o maquinário não tem como acessar a área. “Disseram que as árvores precisariam ser removidas. Eles (funcionários da Prefeitura) falaram também que o entulho é estratégico, pois evita que o terreno seja invadido.”
UNIDADES
As obras do conjunto habitacional, na Rua Bom Jesus, estão paradas há pelo menos dois anos. Há acúmulo de água, mato alto e muitos insetos. A construtora responsável é a HGuedes Engenharia, mas os responsáveis não foram localizados.
Aurineide Macena da Cruz, 49, conta que sua casa foi demolida para a execução da obra. “Apesar do pequeno auxílio, tive esperanças de que, após o término da construção do prédio, fosse morar em um lugar melhor, mas nos enganaram.”
Osvaldo Teixeira Barbora, o Osvaldinho, 60 anos, é o líder comunitário da região e diz que, se a urbanização não for retomada, a comunidade irá se mobilizar. “Iremos até a Câmara reivindicar nossos direitos. Acompanho o Pantanal há 27 anos e não merecemos esse descaso.”
Procurada, a Prefeitura de São Bernardo não se manifestou sobre os problemas até o fechamento desta edição.
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