Setecidades Titulo
Mamografia pode demorar até 90 dias
Bruna Gonçalves
Deborah Moreira
30/04/2010 | 07:44
Compartilhar notícia


Mauá, Ribeirão Pires e Santo André são as cidades onde o tempo de espera para realização de mamografia é maior no Grande ABC. São até três meses aguardando para a realização do teste clínico.

A Secretaria Estadual de Saúde informou que a região possui 15 dos 399 mamógrafos da rede pública do Estado de São Paulo. Quatro deles ficam em unidades municipais de Santo André, onde o tempo de espera para fazer o exame chega a três meses, segundo a atendente da UBS (Unidade Básica de Saúde) Centro. A Prefeitura informou que o prazo para o exame é de 60 dias e o resultado sai em 15 dias.

Segundo o Ministério da Saúde, o ideal é ter um mamógrafo para cada 240 mil habitantes. Em Santo André, a proporção é até melhor do que o recomendado: um aparelho para 170 mil.

Em Mauá, uma atendente da UBS Paranavaí disse que o exame demora de 30 a 40 dias para ser agendado. Já em Ribeirão Pires, são cerca de dois meses para a realização do teste. Como a cidade não conta com mamógrafos, os exames são feitos nos hospitais estaduais Mário Covas (em Santo André) e Heliópolis (Capital). Essas duas unidades também fazem os exames dos moradores de Rio Grande da Serra, outra que não tem o aparelho.

"O número de aparelhos é insuficiente ou mal distribuído na rede pública. Isso contribui para o aumento de casos de câncer de mama que tem expectativa de 50 mil novos casos neste ano", disse o diretor da Sociedade Brasileira de Mastologia Roberto Vieira.

Nas demais cidades, o tempo aguardado não ultrapassa 30 dias, segundo as prefeituras e os atendentes das UBSs. Diadema possui dois aparelhos no Quarteirão da Saúde. "Minha mãe passou pelo médico no meio do mês e já conseguiu marcar o exame para quarta-feira", disse a estudante Diana do Espírito Santo Almeida, 23.

Em São Caetano há um aparelho no Caism (Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher). São Bernardo informou que não possui aparelho próprio. "O serviço é contratado com a Clínica Ghelfond, que dá conta completa da demanda".

Na rede particular do Grande ABC, é possível agendar o exame para a mesma semana. O valor cobrado varia de R$ 80 a R$ 181.

Resultado de papanicolau leva cinco meses

Outro problema encontrado pelas mulheres da região é a demora para receber o resultado do papanicolau (no qual células do colo do útero são recolhidas e analisadas).

Em Mauá o resultado demora cinco meses. Na UBS Paranavaí, a atendente informou que o prazo é devido à falta de profissionais no laboratório. Ela informou, por telefone, à reportagem que exames feitos em novembro do ano passado chegaram neste mês. "O resultado depende da demanda da coleta e de quantos funcionários tem para a análise" disse o presidente da Sogesp (Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo) regional do Grande ABC, Fernando Sansone Rodrigues.

Em São Bernardo o resultado sai em três meses. "Fiz em dezembro e chegou em março. Desse jeito o exame já fica velho ao levar para o especialista", afirmou Azenilda Maria de Almeida dos Santos, 42, de São Bernardo. Em Diadema é a mesma coisa. "Como um exame pode demorar três meses para ficar pronto? Eu estou bem de saúde, mas e quem precisa do resultado com urgência?", indaga a dona de casa Maria Eunice de Jesus, 49, de Diadema. A Prefeitura de Diadema informou que o resultado fica pronto em um mês.BG/DM

Cresce procura por diagnóstico preventivo no País

Dados da Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) do Ministério da Saúde mostram crescimento na procura por exames de mamografia no País. Segundo o levantamento, 71% das mulheres, com idade entre 50 e 69 anos, declararam, em 2008, ter feito o exame nos últimos dois anos. Em 2007, o índice foi de 70,8%.

Ainda segundo a Vigitel, a cobertura do exame aumenta de acordo com o nível de escolaridade, chegando a 89,2% das mulheres com 12 anos ou mais de estudo. "Quanto mais elevado o nível de informação, menor o número de casos (de câncer). Na rede pública é diferente: cerca de 60% a 70% das mulheres que chegam no Hospital (Mário Covas) já estão com câncer em estágio avançado", declarou Ivo Carelli Filho professor da Faculdade de Medicina do ABC e responsável pelo setor de mastologia do Hospital Mário Covas, e também presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, regional São Paulo.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;