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'Só Nos Resta Chorar' é lançado em DVD
20/02/2015 | 08:00
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Nos 20 anos de morte do excepcional ator Massimo Troisi, a Versátil lança a comédia Só Nos Resta Chorar (1985), dirigida e interpretada por ele, em parceria com Roberto Benigni.

Os dois pesos pesados da moderna comédia italiana imaginam e interpretam uma trama que flerta com a ficção científica. Eles são dois amigos que andam de carro pelo campo italiano na Toscana e discutem coisas do dia a dia.

Por exemplo, Mario (Benigni) está preocupado com a irmã, internada por depressão por ter sido abandonada pelo noivo americano. E pergunta a Saverio (Troisi) se este não aceitaria casar-se com ela. Coisas assim. Numa encruzilhada, o automóvel fica detido pela passagem de um trem e os dois decidem tomar um caminho secundário. Perdem-se e, sob chuva, buscam abrigo numa hospedaria. Notam que as pessoas se vestem de modo estranho e logo descobrem que, através de alguma fresta do tempo, foram parar... no fim do século 15. Mais exatamente em 1492, pouco antes da viagem de Cristóvão Colombo que redundaria na descoberta da América.

O filme foi considerado uma das melhores comédias italianas dos anos 1980 e obteve grande sucesso de público em seu país. Não à toa. Benigni e Troisi são idolatrados na Itália. Ao menos pelo público. Troisi, morto precocemente há 20 anos, por problemas cardíacos, deixou aberta uma lacuna, a dos grandes cômicos meridionais, na tradição de Totò. Tinha aquele mesmo acento napolitano de Totò, cantado e choroso, e o mesmo rosto maleável e cheio de malícia. Era um cômico formidável.

Só Nos Resta Chorar é um típico filme de esquetes. Nota-se que os dois atores se reservaram amplo espaço de improvisação em suas falas. Há uma linha geral na história, mas os episódios são desdobrados segundo a inspiração de momento dos dois, cultores, ambos, da tradição da commedia dell?arte, na qual o sentido de improviso dos atores é fundamental. Opção de risco. Porque ambos são brilhantes, grandes atores e inteligentíssimos. Mas nem sempre conhecem o limite e acertam o timing de cada cena. Houvesse outro diretor que não os dois, talvez a limitação redundasse em filme mais enxuto e homogêneo.

Problemas à parte, o filme vale pelo "duelo" amigável entre Benigni e Troisi, que tem momentos de brilho e por algumas sequências memoráveis. Por exemplo, quando Troisi, montado a cavalo em Benigni, tenta namorar uma garota local, que está no jardim de sua casa e vê apenas a cabeça do conquistador. Ou o encontro de ambos com ninguém menos que Leonardo Da Vinci, a quem tentam explicar as novidades tecnológicas do mundo moderno. A Da Vinci será dada a honra do desfecho surpresa, muito bem bolado, por sinal.

O DVD vem com um especial de 19 minutos sobre o filme e cenas excluídas, com 39 minutos, incluindo um final alternativo descartado pela montagem.

Carreira

Também diretor de cinema e roteirista, Massimo Troisi (1953-1994), que ontem, 19, completaria 62 anos de nascimento, ficou mundialmente conhecido depois do sucesso de O Carteiro e o Poeta (1994), de Michael Radford. Por sua atuação, ele foi indicado na categoria melhor ator para o Oscar de 1996. O filme conta a história comovente da amizade entre o poeta chileno Pablo Neruda (1904- 1973) e um carteiro, este interpretado por Troisi. Por intermédio da amizade, o carteiro descobre a poesia e o poder das palavras.

O filme é baseado em livro do escritor chileno António Skármeta. Originalmente, a história se passa em Isla Negra, no Chile. Na versão de Radford, é ambientada na Itália. Troisi trabalhou já bastante doente e morreu pouco depois de terminadas as filmagens.

Antes, Massimo Troisi já havia feito vários filmes, entre eles A Viagem do Capitão Tornado (1990), para muitos críticos o melhor filme de Ettore Scola, baseado na obra de Théophile Gautier. Nele, Troisi interpreta um inesquecível Pulcinella. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




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