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Folia reúne 6.500 em Sto.André

Leões do Vale e Vila Alice são favoritas na disputa pelo título que dá acesso ao grupo de elite do Carnaval da cidade no próximo ano

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
16/02/2015 | 07:00
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Marina Brandão/DGABC


Um misto de empolgação e cores com infraestrutura organizada e bom público. Esse foi o cenário da primeira noite de desfiles de Carnaval de Santo André, na Avenida Firestone, no sábado. A passarela do samba recebeu seis agremiações do Grupo 2, que disputaram uma vaga na elite do samba da cidade no próximo ano. Cerca de 6.500 pessoas compareceram à festa, de acordo com estimativa da PM (Polícia Militar).

Os destaques da noite foram as agremiações Leões do Vale e Vila Alice, que apresentaram enredo sobre mundo de emoções, ilusões e fantasias e o redescobrimento do Brasil, respectivamente. A primeira apostou no show de cores e movimentos do cenário infantil, enquanto a segunda abusou da ironia para questionar o que os portugueses encontrariam no País caso chegassem nos dias de hoje.

A agremiação do Jardim Irene e presidida por Antônio Cláudio dos Reis convidou o público presente a mergulhar no mundo infantil e também alertou para os direitos dos pequenos. “Vendo o palhaço sambar/Pois ser criança requer respeito/Temos direitos”, dizia trecho do samba-enredo, escrito pelo compositor Daniel Collete. Além de animada, a apresentação coloriu a avenida com balas, sorvetes, pirulitos, ursos, bonecas e anjos.

A onda colorida da Leões do Vale chamou a atenção logo de cara com sua comissão de frente. Nela, palhaços e bailarinas lembravam de brincadeiras, como amarelinha, pular corda e bola, embalados ao som da música e de coreografia. Em seguida, o abre-alas com o tradicional leão que dá nome à escola dividia espaço com mágicos e palhaços. A bateria estava vestida de soldadinho de chumbo e a última ala era composta por crianças de pijamas.

A emoção deu o tom do desfile da Acadêmicos do Centreville. A escola homenageou a cantora mineira Clara Nunes, uma das mais importantes e respeitadas intérpretes da música brasileira. “É muito emocionante falar dessa mulher, que é um exemplo e que deixa legado para a juventude”, considera o presidente da agremiação, Reginaldo Jacobina do Nascimento, o Doré. Um dos destaques do desfile foi a comissão de frente, que trazia a homenageada saindo do rádio. Por desfilar com uma baiana a menos, a escola perdeu cinco pontos.

Um Carnaval feito sem recursos, mas com muita dedicação. Esse foi o saldo da Beleza Pura, considera a presidente Sueli Cezário dos Santos. “Nossa comunidade não tem quadra. As fantasias foram elaboradas na minha casa, não ensaiamos, mas viemos aqui na raça e coragem e fizemos bonito com 280 pessoas.” Para ela, a escola foi prejudicada pela qualidade ruim do som. “A evolução depende de um bom som. Estávamos sem retorno na avenida e a comissão de frente não conseguia ouvir o samba”, lamenta.

Com desfile que destacou as belezas naturais do Brasil, a agremiação, fundada em 1988, levou para a avenida índios, onças, o verde das matas e também deu espaço para cadeirantes e idosos desfilarem. Um incidente, entretanto, preocupou toda a comunidade. A rainha da bateria da escola passou mal no fim da apresentação e precisou ser socorrida pela equipe do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

As cores oficiais da Império do Parque Novo Oratório – azul, branco, ouro e prata – desfilaram enredo recheado de magia e elementos da natureza em busca de proteção. O ponto alto da escola se deu quando a avenida ficou colorida de azul com homenagem a Iemanjá, seguida pela ala das baianas. “Tem magia na floresta pra curar/Da mãe feiticeira a salvação/Nos búzios futuro que virá/Um novo tempo a celebrar”, cantava a comunidade animada.

Por ter sido a primeira escola a entrar na avenida, a Asa Branca não contou com casa cheia durante sua apresentação. Ainda assim, o resultado do trabalho de quase um ano apresentado em pouco mais de 46 minutos agradou ao presidente Wellington dos Santos, o Coxinha. “Faltou muita gente por causa da chuva à tarde. Mesmo assim, conseguimos reunir 218 pessoas e fazer uma festa bonita”, considera.

Na outra ponta do desfile, a Mocidade Fantástica de Vila Alice também desfilou para público menor. A última escola a se apresentar entrou na avenida por volta das 2h50 do domingo, depois do previsto, devido a problemas internos. De acordo com o presidente Sérginho Ventura, a ala dos compositores exigiu pagamento antes do início do desfile. “Infelizmente a gente fica magoado com pessoas que estimamos. Se tivesse condições, teria dispensado todos”, desabafa.

Apesar do atraso, a escola concluiu a apresentação em 52 minutos e não sofreu nenhuma penalização.

Prefeito destaca necessidade de parceria com agremiações

Depois de entregar a chave da cidade simbolicamente ao Rei Momo Alessandro Correa de Melo, o prefeito andreense, Carlos Grana (PT), ressaltou a estrutura oferecida à população e às escolas durante a primeira noite de desfiles. “No primeiro ano a gente fez algo melhor que nos anteriores e estamos melhorando ainda mais. Fiquei impressionado com a beleza e a decoração”, comenta.

Para Grana, o próximo passo é trabalhar para que haja parceria permanente entre a administração e as agremiações, tendo em vista o desenvolvimento de trabalho social. “É importante que a gente consiga consolidar alianças com as escolas para garantir, por exemplo, a realização de atividades de cultura, lazer e esporte nas comunidades durante o ano todo e não apenas de forma pontual no Carnaval. Assim a gente conseguiria também ampliar o repasse de recursos”, destaca o prefeito.

ORGANIZAÇÃO

O presidente da Uesa (União das Escolas de Samba de Santo André), João Turibio, considerou que a estrutura do evento estava dentro do previsto pela organização. “Não tivemos nenhum problema. Ocorreu tudo dentro do esperado”, diz.

Para Turibio, a grata surpresa da noite foi o público, que lotou as arquibancadas da Avenida Firestone. “Tivemos um bom público. Sempre achamos que no sábado as pessoas comparecem em menor escala, mas neste ano foi diferente”, comemora.

A administração andreense investiu R$ 790 mil na festa, sendo R$ 372 mil destinados à estrutura, como montagem de arquibancada para público de 8.000 pessoas, iluminação e sistema de som. Cada uma das agremiações do Grupo 2 recebeu R$ 30 mil em repasses. Já as escolas da elite recebem R$ 34 mil.

A organização do espetáculo contou ainda com a participação de cerca de 60 funcionários da Prefeitura. A segurança teve efetivos da PM (Polícia Militar), GCM (Guarda Civil Municipal), além de 50 vigilantes particulares.

A apuração ocorrerá na quarta-feira, no Ginásio Pedro Dell’Antonia.
 




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