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Presos fazem oito reféns durante 9 horas
Daniel Fernandes
Da Redaçao
12/01/1999 | 18:15
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Oito reféns, entre eles o delegado Adalberto Henrique Barbosa, viveram nesta terça 9 horas de tensao nas maos dos 481 presos da Cadeia Pública de Sao Bernardo, que se rebelaram durante uma tentativa frustrada de fuga. Adalberto, que é diretor da cadeia, foi mantido sob a mira de uma pistola 380mm junto com o chefe dos carcereiros, Gilberto Paulino, e seis funcionários da Prefeitura que fazem a manutençao do prédio.

A rebeliao começou às 8h30, quando o diretor mostrava, aos funcionários da Prefeitura, o buraco usado para a fuga de quatro detentos na madrugada de domingo, que deveria ser tapado.

O grupo retornava da galeria que dá acesso ao pátio da carceragem quando foi dominado pelos presos, liderados, segundo a Polícia, pelo assaltante Wagner Ximenez. Um detento encapuzado apontou uma arma para a cabeça do delegado. "Eles queriam mesmo era fugir da cadeia, como nao conseguiram nos tomaram como refém", contou Adalberto mais tarde.

Por volta das 10h30, os rebelados divulgaram uma lista de exigências. Entre elas, um carro blindado, seis armas automáticas e uma metralhadora. Os presos exigiam também seis uniformes da Prefeitura, algemas e coletes à prova de bala.

As 11h, chegaram ao local para negociar o juiz corregedor interino de Sao Bernardo, Antônio Maria Patiño Zorzs, o delegado seccional de Sao Bernardo, Pedro José Liberal, o padre Nicola Silvestre, da Pastoral Carcerária, e um representante da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Pouco depois, dois reféns foram liberados: Edmar Joao Batista, 46 anos, e Joao Pedro dos Santos Filho, 53.

Em resposta à liberdade dos reféns, 25 detentos foram transferidos de Sao Bernardo em um caminhao da Polícia Civil. Dezessete deles seguiram para cadeias de regime semi-aberto, em Campinas, Franco da Rocha e Mongaguá. Os demais foram levados para a Cadeia Pública de Diadema, de regime fechado.

Com o passar das horas, os presos foram esmorecendo e, aos poucos, abandonando suas reivindicaçoes. Ximenez e os outros detentos que supostamente comandavam a rebeliao passaram a exigir apenas um documento, por escrito, garantindo que o grupo nao seria transferido. Ao receber o documento, resolveram soltar os outros reféns.

As 17h30, o delegado Adalberto seria libertado, trazendo a pistola 380 em suas maos. Em meio a aplausos de investigadores, escrivaes e outros delegados, Adalberto abraçou e beijou sua mulher, a advogada Silsi Henrique Barbosa, 35. O engenheiro da prefeitura Guilherme Fischer, 43 anos, e os serralheiros Hostino Nonato Marques, José Diniz e Francisco Carlos Cestari, além do carcereiro Paulino, já haviam sido soltos. "Eles acabaram aceitando a nossa promessa de que ninguém mais seria transferido", desabafou, emocionado, Adalberto. Ninguém se feriu durante a rebeliao.

Visitas noturnas - Os familiares de presos, que permaneceram do lado de fora da cadeia durante toda a rebeliao, aguardando informaçoes, puderam fazer as visitas. Ao ser libertado, o diretor garantiu aos presos que as visitas aconteceriam durante à noite.




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