Nem a temperatura de mais de 32ºC e nem os 345 quilômetros que separam Santo André de Ribeirão Preto impediram a família Lisboa de manter a tradição. Ontem, Lulu, Bebel, Marry e a avó Selma, 73 anos, abriram as comemorações do sábado de Carnaval seguindo o tradicional Bloco Baxaria, em Santo André.

Produzido com longa peruca negra, unhas postiças, vestido novo, salto alto e maquiagem impecável, Lulu, ou Luiz Fernando como consta no registro, chamou a atenção. "Foram três horas de produção", revelou o folião ao lado da mãe Marry e do pai Anderson, a Bebel, de peruca chanel e longos cílios postiços. "Foi uma luta colocar isso (cílios)", brincou Marry, maquiadora profissional.

Festejar o Carnaval em família é uma das coisas que mais motivam os Lisboa, apesar de apenas Lulu morar aqui.

Para os fundadores do bloco, um trio de amigos que só se identifica como os Baxaria, este é o trunfo da festa. "Completamos 30 anos de uma ideia que surgiu com alguns amigos para que um grupo ainda maior de amigos pudesse se divertir. Por isso, ninguém usa nome próprio. Somos só os Baxaria", afirmaram, frisando a ausência do ‘i' para manter a irreverência.

Ao som de marchinhas, o bloco também ajuda músicos veteranos a reforçar o orçamento. É o caso de Pereira da Silva, 80, que normalmente toca no baile da terceira idade do Clube da Penha. Há sete anos, ele anima o Baxaria e garante que vale a pena. "Nesta época o cachê melhora 50%."

O bloco também serve de esquenta para os foliões mais animados, como os irmãos Eduardo Pedrão e Marco Antonio Gomes. Nascidos em Santo André, moram no Arujá e abriram a programação carnavalesca no Baxaria. À tarde, seriam padrinhos de casamento, seguindo depois para o sambódromo paulistano, onde desfilariam na Mocidade Alegre, a partir da meia-noite.

"Bloco é muito mais legal", garantiu Marco Antonio. "No desfile é menos de uma hora e você só conhece um ou outro, aqui você conhece quase todo mundo."