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Homem fica 10 anos com gaze na perna
Bruno Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
13/03/2007 | 22:48
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Dez anos depois de uma cirurgia no fêmur esquerdo, o instalador de toldos Ronaldo Rodrigues Lopes, 28 anos, descobriu que havia gazes cirúrgicas dentro de sua perna. Ele acusa o Hospital Itacolomy, em São Bernardo, pela falha. Internado no CHM (Centro Hospitalar Municipal) de Santo André, Lopes aguarda vaga no Hospital Estadual Mário Covas para fazer nova cirurgia e retirar o material.

Segundo a gerente-clínica do CHM, Greice Lídia, é preciso que Lopes faça uma angiografia (exame que avalia a situação dos vasos sanguíneos) antes que todo o material seja retirado. “Não sabemos a extensão dos danos. Pode ser que algum vaso tenha sido atingido. Se operarmos sem essa certeza, pode haver sangramento e ele pode entrar em choque”, diz a médica.

Lopes havia operado a perna após um acidente de trânsito. Ele teve fratura no fêmur. Há dois anos, passou a ter fortes dores na coxa esquerda, na mesma região da operação. “Apareceram caroços e estava dolorido”, lembra. Nos postos de saúde, os médicos receitavam antiinflamatórios e antibióticos, o que aliviava temporariamente as dores. Mas os caroços sempre voltavam, maiores e mais doloridos.

Há dois meses, um médico encaminhou Lopes ao Hospital Mário Covas. “Depois de tudo, acharam que era um tumor e pediram uma biópsia”, conta. “O médio me orientou a fazer punções para retirar o acúmulo de líquido, e eu fazia regularmente”, diz.

Na noite de quarta-feira da semana passada, durante uma das punções, ele viu um pequeno fio sair junto com o sangue e o líquido. Começou a puxar e surgiu a gaze. “Saiu um pedaço de pano”, conta. Surpreso, Lopes avisou a mãe, que ligou para o serviço de Resgate e ele internado no CHM.

No hospital, os médicos disseram que precisariam fazer uma microcirurgia para retirar o pano. Mas perceberam que o material era grande demais. Seria perigoso continuar a retirada sem saber se algum vaso estava comprometido. A transferência para o Hospital Mário Covas – para a angiografia e a cirurgia para retirada do pano – deve ocorrer até o fim da semana.

O Hospital Itacolomy informou que precisará de uma semana para localizar o prontuário do rapaz porque o documento é antigo.

Mesmo assim, o diretor do hospital, Carlos Henrique Tonitello, comentou o caso e disse que não há possibilidade de a gaze ter ficado na perna após a cirurgia. Segundo ele, esse tipo de procedimento não utiliza gaze. “Uma cirurgia como essa utiliza gaze sim”, afirma a gerente-clínica do CHM, Greice Lídia. O hospital só terá o nome do médico responsável pela operação quando localizar o prontuário.

A Polícia Civil instaurou inquérito para investigar o caso e já pediu perícia nas gazes e na perna do autônomo.



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