O tempo passa em Paranapiacaba graças a Augusto Cesar Sampaio Fiorelli, 49 anos. Ele é o responsável por manter funcionando perfeitamente o relógio da torre da estação de trem. Ontem, o relojoeiro ajustou os ponteiros para o horário de verão e deu corda na estrutura mecânica de quase 100 quilos.

Fiorelli visita Paranapiacaba a cada oito dias para fazer a manutenção do ponto turístico. Réplica do Big Ben, instalado no Palácio de Westminster, em Londres, na Inglaterra, o relógio da vila inglesa pertencente a Santo André chegou ao Brasil em 1898, junto com os britânicos que participaram da construção da linha férrea da São Paulo Railway.

"Trouxeram, da Inglaterra três relógios grandes para colocarem em torres no Brasil. Este aqui é o único que continua funcionando", afirma Fiorelli. O segundo relógio foi colocado na Estação da Luz, na Capital, mas não resistiu a um incêndio em 1946. O terceiro aparelho enfeitava a torre da estação de trem de Santos. As peças dele foram roubadas após o abandono do prédio.

Especialista em arrumar relógios de torre, Fiorelli cuida de outros 11 marcadores de hora na Grande São Paulo, além de manter uma oficina para aparelhos antigos na Praça da Sé.

O ofício foi herança do avô, morto ano passado, que também se chamava Augusto Fiorelli. "Meu avô era um relojoeiro de mão cheia, muito requisitado. Ele começou no ramo em 1928. Em 1975, me chamou para trabalhar com ele. Tinha 15 anos quando comecei e fui gostando da coisa." Fiorelli já começa a ensinar o trabalho para o filho André, 15.

O funcionamento dos 12 relógios que o especialista arruma é parecido. Em Paranapiacaba, por exemplo, ele precisa acionar uma manivela para dar corda no dispositivo que dá a batida das horas (que pesa cerca de 110 quilos) e em outro peso (de quase 80 quilos) que dá sustentação ao pêndulo.