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Podecrer! Traz de volta os anos 80
Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
02/11/2007 | 07:00
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Se você é um adulto que viveu os anos 1980, provavelmente já deve estar farto do apego até um pouco precoce a essa década. São festas, bandas, roupas e até um bando de suvenires relançados que não nos deixam esquecer da época. O filme Podecrer!, primeiro longa de Arthur Fontes, da Conspiração Filmes, é bem um relato do início dessa época que não quer ir embora. Mas, apesar do tema batido, a produção, inspirada no livro homônimo de Marcelo O . Dantas, diverte e, raios, nos faz lembrar com um sorriso no rosto do cubo mágico, do Genius e, claro, das incipientes bandas de rock

Talvez porque o enredo gire em torno de uma turma que parecia viver segundo os preceitos de Armação Ilimitada de Juba e Lula. O ano é 1981 e a turma do 3º ano do Colégio São Jorge, no Rio, se prepara para a formatura. Alguns já sabem bem o que fazer: escapar dos moldes que já se impunham.

Nesse cenário, João (Dudu Azevedo) tem um conjunto (mais um termo oitentinha) com os amigos PP (Silvio Guindane), Tavico (Marcelo Adnet) e Marquinho (Gregorio Duvivier).

Ele é vocalista e quer viver de música. PP e Marquinho são dois amalucados que só não querem se dobrar ao comum. E, finalmente, Tavico é um candidato a yuppie e não vê a hora de sair da “vida de m...-pobre”, como ele classifica a classe média.

As meninas dividem-se entre as inseparáveis Silvinha (Liliana Castro) e Melissa (Fernanda Paes Leme) e as riquinhas Ana Claudia (Érika Mader) e Duda (Julia Gorman). Carol (Maria Flor) que acompanhava os pais no exílio na França, se junta às duas primeiras e logo inicia uma paquerinha com João.

Embora o elenco feminino não deixe a desejar, quem carrega o espírito oitentista nas costas são os meninos.

Azevedo, Guindane, Adnet e Duvivier (que está na estréia de hoje do programa O Sistema) estão bem entrosados. Hilárias as cenas em que falam sobre futuro, viagens lisérgicas e qualquer coisa que envolva a explicação de como Bob Marley (que morreu em maio daquele ano) subverteu o conceito de Babilônia cidade-irreal que para Marquinho significa opressão societária.

As referências da época são muito bem cuidadas pela direção de arte. Os carros, as casas, tênis e até os agasalhos. É só pegar uma revista de surfe antiga para comparar.

A trilha sonora, não necessariamente da década, tem Jorge Ben Jor, Tim Maia e Caetano Veloso. Os ensaios da banda, que mais tarde é batizada com o título do filme, lembram o início dos roqueiros brasileiros. É uma homenagem de Fontes a esses músicos, que passariam a formar o movimento no ano seguinte.



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