Na semana passada, vimos que a reforma ortográfica trouxe de volta ao nosso alfabeto as letras k, w e y. Na verdade, elas voltaram ao lugar em que já estavam, já que seu uso continua limitado às palavras estrangeiras ainda não aportuguesadas e aos nomes próprios (e seus derivados).

Já que falamos em aportuguesar, você certamente já notou que não temos padrão no que diz respeito ao aportuguesamento de palavras estrangeiras. Futebol, por exemplo, vem do inglês football (foot significa pé; ball é bola). Adaptamos ao nosso sistema ortográfico essa e outras palavras, como pulôver (que vem de pull-over), hambúrguer (que vem de hamburger) e pôster (que vem de poster), mas usamos na forma original show e marketing, entre tantas outras.

Com o nome das massas italianas, a coisa é grave. Faz-se uma grande salada com isso! Nas embalagens e nos cardápios, quase não se vê a grafia original, muito menos a aportuguesada. Espaguete, por exemplo (que em italiano é spaghetti), aparece de todos os jeitos possíveis e imagináveis: spaguetti, spaghete, spaguete, spagheti, espagete, espaguetti etc. A apetitosa lasanha (é assim em português) em italiano é lasagna. Essa é outra vítima: encontramos lazanha, lazagna, lazzagna etc.

Pois bem, vamos voltar às letras k, w e y. Qual será o lugar delas na ordem alfabética? Vamos lá: o k vem depois do j; o w vem depois do v; o y vem depois do x. A sequência final do alfabeto é ...u, v, w, x, y, z.

Na enciclopédia, onde se encontra o astrônomo alemão Kepler? Antes ou depois do físico inglês Joule? Depois, é claro, já que o k vem depois do j. O economista e sociólogo alemão Weber vem depois do físico italiano Volta e assim vai.

Joule, Weber e Volta são os sobrenomes dessas personalidades citadas. Onde foram parar os nomes? Eles pouca ou nenhuma importância têm. Nas enciclopédias, as pessoas são apresentadas pelo sobrenome. Em Mozart, por exemplo, encontra-se Mozart, Wolfgang Amadeus; em Volta, encontra-se Volta, Alessandro. Volta é o pai do volt, que você vê nas lâmpadas e nos aparelhos eletrônicos. No próximo domingo, a gente volta. Até lá.