Cultura & Lazer Titulo
Grafiteiro sai do muro e vai para o museu
Mônica Santos
Da Redaçao
05/05/1999 | 18:23
Compartilhar notícia


Das pichaçoes às exposiçoes. Assim se resume a rápida trajetória artística do grafiteiro Antônio Duque de Souza Neto, o Tota, 25 anos. Para conhecer a evoluçao de seu trabalho nesse meio tempo, vale conferir a exposiçao 'Graffiti é graffiti em qualquer lugar: Tota', que será aberta na sexta, para convidados, e sábado para o público, no Museu de Santo André.

Há dez anos, Tota era apenas mais um pichador, integrante de uma gangue andreense chamada Sádicos, cujo objetivo principal era pichar em lugares inusitados. Os mais ousados sempre ganhavam prestígio junto à turma e também com as garotas. Porém, em 1991, ao passar de ônibus diante do muro da Casa de Detençao do Carandiru, em Sao Paulo, um grafite que ocupava boa parte do extenso muro chamou a sua atençao. "Eu desci do ônibus e fui ver de perto. Cheguei à conclusao de que aquele tipo de trabalho tinha uma mensagem, enquanto a pichaçao nao dizia nada", lembra. Desde entao, Tota transformou-se em um grafiteiro autodidata, que usa como fonte de pesquisa seu próprio cotidiano.

"Quando quero falar sobre algum assunto específico, busco informaçoes em jornais e na televisao. Costumo também ver livros de anatomia ou sobre grafite, para ampliar meu conhecimento, mas nao me detenho em nenhum artista", explica. Curiosamente, os traços de um de seus trabalhos chegam a ter semelhança com os de Roy Lichtenstein, um dos expoentes da pop art norte-americana.

Além de ministrar oficinas de grafite em bairros andreenses, Tota já fez várias exposiçoes na cidade, em 1997 e 1998. Na mostra que abre na sexta, ele vai apresentar 11 grafites feitos sobre placas de madeira que medem 2 m x 1,10 m, que começou a criar no próprio museu desde terça, e que devem ser concluídas na própria sexta.

Além dos grafites, Tota se dedica a pinturas a óleo. Para a exposiçao no Museu de Santo André ele selecionou sete telas, cujos temas vao de causas sociais, como em Periferia maioria, Ecologia e Ninguém pede para nascer, a causas próprias, como Arsenal, na qual o artista retrata os elementos que usa pra trabalhar: pincéis, sprays e tintas.

Ao falar de seu trabalho, Tota é claro: "enquanto pichador, só recebia desprezo. Agora, as pessoas admiram o que eu faço. Em troca, me esforço para fazer um bom trabalho, sem me preocupar com um estilo. Quero que as pessoas sempre se vejam diante de algo novo", diz.

Graffiti é graffiti em qualquer lugar: Tota - Abertura no sábado para o público. No Museu de Santo André - r. Sen. Fláquer, 470. Tel.: 449-9111. De seg. a sex., das 8h às 16h30, e sáb., das 9h às 14h50. Entrada franca. Até 18/6.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;