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Prorrogação do IPI agrada a clientes
Da ABr
18/04/2010 | 07:57
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Ari Paleta/DGABC


A prorrogação do desconto no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) na compra de material de construção foi vista com alívio pelos consumidores e pelos empresários do setor. A medida, que vigorará até dezembro deste ano, foi anunciada na quinta-feira pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. O segmento vinha sofrendo com a concentração de encomendas devido à proximidade do fim do desconto, previsto para junho. Com o elevado volume de compras, temia-se o desabastecimento e, consequentemente, a pressão sobre os preços.

Na semana passada, o presidente da Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção), Cláudio Conz, conversou sobre o assunto com Mantega, durante evento do setor em São Paulo. A associação reúne mais de 50 mil lojas. "Tivemos oportunidade de dizer ao ministro que a área da construção civil estava antecipando as compras para maio e junho, devido à proximidade do fim do IPI e que isso que estava provocando um desabastecimento e, consequentemente, aumento de preço."

Segundo ele, em vez de comprar em 12 ou 15 meses, que é o prazo da obra, as empresas estavam querendo comprar todo o material necessário em 60 dias. Ele destacou que, com a isenção, a diferença de preço para esses produtos pode chegar a 8%.

Com o aumento da demanda e a pressão sobre os valores, o percentual passou a ser bem menor, gerando inflação no segmento. "Se você tem algum desabastecimento, tem também aumento de preço. Com a medida (prorrogação do desconto), será possível fazer melhor programação das compras", afirmou o presidente da Anamaco.

Conz lembrou que a medida refletirá positivamente também sobre quem está pensando em reformar imóveis. Esse segmento cresceu 10% no primeiro trimestre em comparação com o mesmo período do ano anterior, devido justamente ao incentivo da redução do IPI. "Quem queria usar o produto em setembro ou outubro também viria comprar em maio ou junho. Essa conjugação de fatores trazia desarranjo ao mercado, provocando desabastecimento. Então, o governo foi ágil."

A prorrogação do desconto agradou à auxiliar de serviços gerais Raimunda Rodrigues Paes Landim, que está construindo uma casa em Águas Quentes, loteamento no Recanto das Emas, região administrativa do Distrito Federal. "Acho muito bom, porque a gente recebe salário-mínimo e, para construir, é um Deus nos acuda. A areia está cara. Eu comprei uma ‘carrada' de areia, paguei R$ 490 e ainda estou pagando para depois começar tudo de novo", disse.

Para o vendedor de material de construção, Raimundo dos Santos, com experiência de 15 anos, não fez muita diferença a prorrogação. Ele argumenta que a redução do IPI deveria atingir número maior de itens. Mesmo que voltasse o IPI como era antes o sujeito não vai deixar de comprar o cimento que é básico. Não vai deixar de comprar ferro e outros produtos."

O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, Paulo Safady Simão, que defende as medidas, apontou os benefícios que ela traz para a população mais pobre e os projetos sociais. "Não adianta colocar itens que atinjam a classe A. São medidas para ajudar as camadas mais baixas e os projetos de abrangência social. Então, (o desconto) abrange adequadamente a maioria de produtos que precisam ser atingidos."

Simão disse ainda que a prorrogação foi uma decisão oportuna e pertinente. Ele reconheceu que o País vive momento de alta da inflação: "Nós, e o governo também, temíamos que isso pudesse afetar mais violentamente os custos da construção civil. Então, a iniciativa ajuda a conter um pouco a inflação do setor. E existe ainda o estímulo e a animação que a medida traz."

Ele também reforçou a posição da Anamaco de que a cadeia produtiva reivindicava medida nesse sentido, principalmente no varejo. "Acho que isso foi positivo e soma-se a todas as iniciativas de estímulo ao setor, como o PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento) e o Minha Casa, Minha Vida, e ao momento que estamos vivendo de recorde de empregos." O empresário ressaltou que a construção civil é diferente dos demais setores, pois qualquer medida de estímulo tem impacto diferente sobre a economia.

Dados preliminares da Receita Federal indicam que o impacto da renúncia fiscal entre julho e dezembro deste ano deve ficar em R$ 723 milhões. Em nota, a Anamaco diz que a manutenção do estímulo fiscal poderá resultar em aumento de 1,34% no PIB e de 1,27% no nível de emprego, num período de dois anos.




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