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Jd.Pinheirinho deixa de ser
modelo de bairro ecológico
Renan Fonseca
Do Diário do Grande ABC
24/02/2011 | 07:01
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Considerado modelo de bairro ecológico, projeto implantado pela Prefeitura de São Bernardo a partir de 1999, o Jardim Pinheirinho é o retrato do descaso. Areia, pedras, pedaços de concreto, telhas, sacos plásticos, garrafas PET, papéis, calçadas ora concretadas, ora permeáveis, porém, tomadas pelo mato. Nas ruas, remendos que se afundam no solo mostram quantas vezes o sistema de esgoto falhou.

Nesse bairro, ainda, os moradores dizem não ter a menor ideia de quando o lixeiro vai passar. Assim, cada casa tem ao menos dois sacos na porta.

Pelo projeto inicial, o Pinheirinho deveria ter pavimentação permeável, calçadas e praças arborizadas, sistema próprio de tratamento de esgoto, recolhimento do lixo em dia e lixeiras com espaço para separação de materiais. Cada morador teria a obrigação de tomar conta da poda da vegetação do passeio, que reserva espaço para crescimento de plantas.

Às margens da Represa Billings, o Pinheirinho foi o único bairro da cidade onde os moradores pagaram pela construção de uma estação de tratamento própria. A ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) foi inaugurada em 2003 e foram investidos aproximadamente R$ 400 mil. O valor foi pago em 20 prestações de R$ 28 para moradores e R$ 35 para comerciantes. A ETE foi fruto de TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) entre famílias, antigos proprietários da área onde está o bairro e Ministério Público.

A estação deveria evitar que o esgoto sem tratamento fosse despejado na Billings. Contudo, conforme o atual presidente da Associação de Moradores, Ironildo Boton, o ponto de tratamento é política para "inglês ver". "Uma piscina que recebia o esgoto tratado foi desativada e está cheia de mato. O esgoto vai direto para a represa", comentou.

Donas de casa apontam o mau cheiro que exala da estação como prova do funcionamento precário da estação. "A gente começou a perceber o odor há dois anos, quando a estação parou. Hoje, tenho vergonha de convidar alguém para vir em casa", disse a dona de casa Paula Suzana Miranda, 43 anos.

O resultado do mau cheiro não poderia ser outro para a aposentada Benvinda dos Santos Pereira, 67. "Dor de cabeça e náuseas. É o que a gente sente quando esse cheiro fica mais forte por causa do calor", disse.

SÓ EM SETEMBRO
A Prefeitura de São Bernardo confirmou que não existe hora determinada para a passagem da coleta do lixo, uma vez que o caminhão pode passar a partir das 7h, às terças, quintas-feiras e sábados. Sobre as calçadas que perderam o conceito ecológico e o entulho nas ruas, a administração não se manifestou. O bairro está inserido no cronograma de podas.

Já a Sabesp contradisse os moradores e informou que a estação de tratamento está com funcionamento normal. A empresa alegou ainda que utiliza asfalto ecológico nos consertos da pavimentação, que, aliás, precisam de reparos.

Prefeitura pretende ampliar conceito de projeto 

A Secretaria de Gestão Ambiental de São Bernardo vai implementar projeto para avaliar a infraestrutura dos bairros ecológicos. A iniciativa vai permitir, segundo a Pasta, ampliar o conceito para outras localidades do município.

O projeto pode começar até o segundo semestre deste ano, e tem aporte financeiro de aproximadamente R$ 350 mil da Fehidro (Fundo Estadual de Recursos Hídricos). Um levantamento técnico deve apontar os conceitos ecológicos que foram perdidos nesses bairros. Em seguida, a secretaria vai elaborar uma série de oficinas educacionais com práticas ambientais, como a construção de calçadas ecológicas.

O número estimado de pessoas que vão passar pelas ações é de 64,1 mil, que vivem em áreas de manancial, às margens da Represa Billings. A duração do projeto é de 11 meses. No término da iniciativa será criado o Guia das Boas Práticas Existentes nas áreas de Mananciais.

"Vamos pegar conceitos ecológicos, colocados em prática nos bairros como o Pinheirinho, por exemplo, e levar para comunidades como o Jardim Cruzeiro do Sul", afirmou o secretário Gilberto Marson. "Ao mesmo tempo, podemos avaliar as perdas ecológicas dos bairros verdes", completou.

Conforme informou o secretário, diagnóstico dos bairros será elaborado através de metodologias como o mapa falado, que é uma forma de compreender como a população vê sua própria comunidade, aspectos relevantes, limitações, problemas, recursos e pontos positivos.

"Com os resultados das oficinas, pretendemos levar os conceitos para os demais bairros do município", continuou Marson.




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