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Mortes no trânsito crescem 26% em 8 anos
Guilherme Russo
Do Diário do Grande ABC
15/11/2009 | 07:25
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Levantamento do Ministério da Saúde mostra que o número de mortes causadas por acidentes de trânsito vem crescendo nos últimos anos. Segundo a Pasta, entre 1999 e 2007, o aumento foi de 26,5%. No primeiro ano do levantamento do governo federal, 29.569 mortes foram catalogadas, contra 37.407 ocorrências deste tipo em 2007.

Inaugurado em 18 de setembro, o movimento Chega de Acidentes começou a contabilizar todas as vítimas das ocorrências e publicar os números no site www.chegadeacidentes.com.br. Segundo a entidade, apenas quando um Plano Nacional de Segurança Viária for implementado no País o protesto vai acabar.

Até a noite de ontem, o movimento informava que quase 6.000 pessoas morreram em acidentes de trânsito desde o começo da contagem. E que quase 18.786 pessoas estão internadas em hospitais por conta das ocorrências, segundo o relógio virtual publicado pelo movimento na rede.

O site informa ainda o dinheiro gasto no tratamento das vítimas que, na noite de ontem, passava da cifra dos R$ 5 bilhões.

O levantamento se baseia nos números divulgados pelo Ministério da Saúde em 2007, os últimos tabulados pela Pasta. O objetivo do movimento, que é composto por dez entidades - que estudam os acidentes, representam as vítimas e propõem novas políticas -, é que os governos estaduais e municipais formulem propostas conjuntas com o governo federal e organizações não-governamentais para a elaboração de uma nova política para o trânsito do País.

QUINTO COLOCADO - A geração de informações a respeito do tema é a principal ferramenta do movimento. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o Brasil ocupa o quinto lugar no ranking das fatalidades no trânsito, ficando atrás apenas da Índia, da China, dos Estados Unidos e da Rússia.

O impacto econômico informado pelo movimento Chega de Acidentes é baseado em cálculos do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e estudos do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) e da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos). Segundo os números levantados, R$ 27 bilhões são gastos todos os anos no Brasil com o tratamento de vítimas de acidentes de trânsito. Os desastres nas cidades representam R$ 5 bilhões nestes gastos. Nas rodovias, o déficit é de R$ 22 bilhões ao ano, segundo os levantamentos das entidades.

FALTA CONSCIÊNCIA - A especialista em trânsito e colunista do Diário Cristina Baddini afirma que "falta conscientização" sobre o problema dos acidentes de trânsito no Brasil. Ela conta que, quando os municípios assumiram a fiscalização do trânsito dentro das cidades, em 1998, a situação começou a melhorar.

Segundo Cristina, para mudar a situação e acabar com tanta violência no trânsito do Brasil, cuidar da educação no trânsito é a medida mais urgente a ser adotada pelos governos, além de reformas no sistema viário nacional.

Vítimas podem ter também sequelas emocionais

Presidente da Avitran (Associação das Vítimas de Trânsito), o psicólogo clínico Salomão Rabinovich alerta que as sequelas das vítimas de trânsito podem manifestar-se também no emocional das pessoas. E, segundo o especialista, os problemas psicológicos, por sua vez, ao se agravarem, são somatizados pelas vítimas, que passam a sofrer sintomas físicos.

Segundo Rabinovich, o estresse pós-traumático pode se manifestar imediatamente após os acidentes sofridos pelas vítimas ou até meses depois das ocorrências. Os sintomas vão desde suores frios, dores de cabeça e tonturas, até depressões, fobias, crises de pânico e de labirintite.

O psicólogo alerta ainda para um problema que, segundo ele, é pouco conhecido e vem se tornando cada vez mais frequente em habitantes das grandes cidades: o estresse pré-traumático. Rabinovich explicou que, por ficar sabendo de histórias chocantes de acidentes violentos, as pessoas passam a ter medo do volante dos veículos. E começam a apresentar sintomas similares ao do estresse pós-traumático. Só que sem nunca terem se envolvido em nenhum acidente na vida.

"É muito mais devastador esse problema, que pode se converter em doenças orgânicas e distúrbios psico-emocionais severos", explicou o especialista.

A entidade que Rabinovich preside tem 15 anos e atua na assistência psicológica de vítimas de acidentes de trânsito. Atualmente, o psicólogo mantém um grupo de auto-ajuda na Paróquia Nossa Senhora da Esperança, na Avenida dos Eucaliptos, em Moema, na Zona Sul da Capital.

Hoje, às 11h, uma missa será celebrada no local em memória a vítimas fatais de acidentes de trânsito.

Nações Unidas informam que 1,2 milhão morrem por ano

Segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas), cerca de 1,2 milhão de pessoas morrem ou ficam feridas todos os anos no mundo vitimadas por acidentes de trânsito.

Com a intenção de conscientizar as autoridades e a população mundial para o problema, a ONU criou, no ano passado, o Dia Mundial em Memória às Vítimas do Trânsito, que desde 2008 é lembrado no terceiro domingo de novembro.

O levantamento das informações sobre vítimas de acidentes é vago e falho no Brasil, onde cada cidade realiza a pesquisa à sua maneira, sem padronização dos dados.

Ao serem questionadas sobre a quantidade de acidentes com vítimas nas cidades da região, apenas as prefeituras de São Caetano e Diadema forneceram informações.

Em São Caetano, foram registrados 522 acidentes de trânsito com vítimas e 162 atropelamentos, entre janeiro e outubro de 2009.

Já em Diadema, no primeiro semestre deste ano, foram registrados 425 acidentes com vítimas, com três mortes.

Seguro obrigatório cobre morte e invalidez

O seguro DPVAT (Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre) paga R$ 13,5 mil para famílias de vítimas fatais de acidentes de trânsito. O pagamento é obrigatório para os donos de carros, motos e caminhões, todos os anos, no ato dos licenciamentos dos veículos.

O seguro indeniza ainda, com o mesmo valor, pessoas que sofreram invalidez permanente por conta de acidentes de trânsito.

Nos casos de mortes, estão cobertos motoristas, passageiros e pedestres vítimas de "atropelamentos, colisões e outros tipos de acidentes", segundo explica o site www.dpvatseguro.com.br.

Segundo a lei 11.482, de 2007, o pagamento das indenizações é dividido entre companheiros e herdeiros das vítimas, que têm direito, cada qual, a 50% do valor a ser pago.

O seguro não cobre qualquer tipo de dano material sofrido pelos envolvidos nos acidentes.

Nas ocorrências que causam invalidez às vítimas, não importa se o problema seja total ou parcial; o valor da indenização pode chegar a até R$ 13,5 mil. Nestes casos, os valores são regidos segundo a tabela do Seguro de Acidentes Pessoais. Apenas as próprias vítimas são indenizadas quando sofrem estes tipos de acidentes.

DESPESAS MÉDICAS - O DPVAT prevê ainda cobertura para despesas médico-hospitalares, porém, em forma de reembolso. O valor da indenização pode chegar a até R$ 2.700.

Para receber o valor, as vítimas têm que comprovar gastos médicos adequados a tabelas registradas e com autorização da Superintendência de Seguros Privados.

Aos menores de 16 anos, o seguro é pago aos pais ou aos tutores legais nomeados pela Justiça.




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