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Fernanda Grecco do Nascimento, 12 anos, de São Bernardo, não come goiaba. “O gosto é estranho. Experimentei e não gostei”, fala a menina, que acha que o bigato da goiaba é um dos responsáveis pela aversão que ela tem a essa fruta. “Esse bichinho é bem nojento.”
O bicho da goiaba é, na verdade, uma larva de mosca. Mas não é aquela que a gente vê voando em cima de lixo ou na cabeça do Cascão. A da goiaba é a chamada mosca-da-fruta. É dividida em quatro grupos, que se subdividem em várias espécies. Cada uma ataca um tipo de fruta.
Essas mosquinhas, que são amarelas e com desenhos nas asas, usam as frutas como ‘berçário' para os bebês. A fêmea pousa nesse vegetal e usa um prolongamento no abdômen para perfurar a casca e botar os ovos lá dentro. Ela coloca de oito a dez em cada uma. Como vive 30 dias, chega a botar mais de 300!
Depois disso, a fêmea vai embora e os ovos ficam quietinhos por uma semana. É quando as larvas ou bigatos - aquelas minhoquinhas brancas e esquisitas - quebram a casca do ovo e ‘mergulham' na fruta.
É lá que vão se alimentar e crescer por mais duas semanas. Com a barriga cheia, as larvas fazem com que a fruta, que nessa fase já deve ter apodrecido, caia da árvore. É uma estratégia para que consigam completar o ciclo de vida.
No chão, as larvas dão um jeito de furar a casca e perfurar o solo, onde vão se transformar em casulos (como o da borboleta). Lá elas ficam por mais duas semanas. Depois desse período, viram moscas e estão prontas para voar e começar tudo de novo.
Faz mal? - Comer o bicho da goiaba não faz mal, apesar de ser meio nojento. Ele tem as mesmas propriedades da fruta, já que, desde que nasce, sua única fonte de alimento é a polpa da goiaba. Além disso, quando há bicho é sinal de que o vegetal não tem agrotóxico. Mas é preciso cuidado com a parte em que o bigato está, já que pode ficar deteriorada por causa de fungos.
Consultoria de Sinval Silveira Neto, professor da Escola Superior de Agricultura Luís de Queiroz
Invasores atacam outras vítimas
Muitas frutas, como carambola, uvaia e araçá, também hospedam bigatos porque são cultivadas na natureza. Para combatê-los, agricultores usam agrotóxicos ou envolvem esse vegetal em saquinhos.
O que não é comum (e merece reclamação) são os bigatos em alimentos que passaram por processo industrial e foram empacotados. Mesmo assim, não é raro encontrar bichos no milho e macarrão. Isso significa que alguma mosca pousou no produto e inseriu ovinhos.
As larvas também podem se hospedar em animais e humanos. São chamadas de berne. Nascem das moscas que botam ovos sob a pele. Podem causar mau cheiro e sangramento.
Nos humanos, o mais comum é o bicho geográfico, transmitido pela larva migrans, que vive no intestino de cães e gatos e é eliminada pelo cocô. Ao andar descalço ou sentar na areia, a gente se contamina pelo bicho, que penetra na pele.
ALGUMAS CULTURAS, como a indígena, consideram que as larvas de insetos são ricas fontes de proteína. Na África Central, por exemplo, lagartas e larvas fazem parte da alimentação. Os especialistas acreditam que cada 100 gramas de lagarta seca contém 53 gramas de proteína, 15% de gordura e 17% de carboidrato, quantidades superiores às encontradas na carne de boi ou peixe. Quando alguém se perde na floresta, recomenda-se, inclusive, comer algumas larvinhas como forma de sobrevivência.
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