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Munição de guerra foi feita na região
Guilherme Russo
Do Diário do Grande ABC
02/02/2010 | 07:48
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Os 140 projéteis de metralhadora calibre ponto 50 - arma antiaérea de uso militar - apreendidos na sexta-feira em Mauá foram produzidos pela CBC (Companhia Brasileira de Cartuchos), em Ribeirão Pires. A Polícia Civil divulgou ontem que, ao todo, foram apreendidas 1.468 munições de fuzil na operação que resultou ainda na prisão de um suspeito.

O delegado Luiz Carlos dos Santos, titular da Delegacia Seccional de Santo André, contou que os projéteis fabricados na região foram feitos em 1977 e que, "provavelmente, foram furtados". "Vamos rastrear. Eles só vendem para forças armadas", disse, explicando que esta munição não estava no lote de cerca de 60 mil cartuchos roubados da CBC em março. Na oportunidade, os bandidos levaram ainda 12 fuzis e 40 pistolas do local.

Também responsável pela operação, o delegado titular do DP Sede de Mauá, José Rosa Incerpi contou que, apesar de feitos há 32 anos, os cartuchos fabricados na CBC estavam muito bem-conservados, prontos para serem disparados.

Uma caixa metálica que continha 560 munições de fuzil AR-15 teve de ser aberta pelo GER (Grupo Especial de Resgate), equipe especializada também em desarmar bombas, devido a suspeita de o objeto ser um artefato explosivo. O delegado Incerpi explicou que esse tipo de compartimento serve para proteger os projéteis em situações adversas, típicas de guerra.

O balanço detalhado feito pela polícia contabilizou ainda 250 munições de fuzil FAL 762, arma padrão do Exército brasileiro; outros 230 cartuchos de AR-15; 194 ponto 30, de metralhadoras deste calibre; 40 balas para Magnum Winchester 300, usados por francoatiradores; e 34 projéteis 6.35, para pistolas automáticas. A polícia encontrou ainda espoletas de cartuchos de lança-morteiros - também conhecidos como bazucas - e um fuzil AR-15 desmontado.

Ao ser preso com o material bélico, José Glaydson da Silva, 35 anos, contou à polícia que tudo pertencia a Cláudio Maia dos Santos, 38, que foi preso em dezembro, na região do Sapopemba, na Zona Leste da Capital. Ele era procurado por participação em um assalto a banco em Varginha, Minas Gerais. Atualmente, ele está preso na penitenciária de segurança máxima de Contagem, no mesmo Estado, de onde teria articulado a compra das munições.

Acusado de ser o dono do material é suspeito de tráfico internacional

Apontado como dono do material bélico apreendido em Mauá, Cláudio Maia dos Santos, 38 anos, mais conhecido como Gordo, tem fama no mundo do crime por conseguir trazer grandes quantidades de armamentos e munições pelas fronteiras brasileiras, segundo contaram os delegados que realizaram a apreensão.

Ele é suspeito de fornecer armas e estar entre os mentores de assaltos, principalmente a bancos, em Minas Gerais e no Nordeste. Em São Paulo, atuaria como articulador de roubos a carros-forte nas estradas do Interior. Segundo a polícia, a atuação em diversos municípios indica que ele não pertence à facção criminosa que atua dentro e fora dos presídios do Estado.

Quando foi preso no ano passado, Gordo usava quatro nomes para tentar despistar a polícia. Ele foi localizado por agentes do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado) e de Minas Gerais.

Sua enteada é companheira de José Glaydson da Silva, 35, que, ao ser preso, disse que guardava as munições a pedido de sua sogra, identificada como Preta. Porém, segundo a polícia, a suspeita serviria apenas de laranja nas negociações de armamentos feitas por Gordo de dentro do presídio mineiro.




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