Setecidades Titulo Combate à violência
Consórcio convoca público LGBTQIA+ para primeiro censo

As sete cidades da região terão um mapeamento desta população que vai auxiliar na definição de políticas públicas e no combate à violência

Tatiane Pamboukian
09/06/2025 | 08:24
Compartilhar notícia
FOTO: Arquivo Pessoal

ouça este conteúdo

O Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, em parceria com a UFABC (Universidade Federal do Grande ABC), a Rede Amalgamar e a Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo, iniciou um mapeamento pioneiro da população LGBTQIA+ das sete cidades. O objetivo é, a partir do conhecimento das características e desafios dessa população, elaborar políticas públicas assertivas. 

O secretário-executivo do consórcio, Aroaldo da Silva, ressalta a importância da pesquisa e convida os moradores da região que fazem parte deste grupo a participarem do levantamento censitário. “O censo é uma forma de aumentarmos a representatividade do público LGBTQIA+, além de dar voz e visibilidade para esta parcela da população. Com dados quantitativos e qualitativos, também será possível dar mais assertividade nas políticas públicas sociais e de inclusão após a conclusão deste levantamento inédito”, afirma. 

A artista e moradora de Ribeirão Pires, Alexya Hiromi Manente, 28 anos, é mulher trans e já respondeu ao questionário. “Uma das perguntas do censo é sobre quais tipos de violência você já sofreu. Eu respondi praticamente todos. De veladas a explícitas, em diversos âmbitos. Às vezes, não me sinto segura de ir para determinados locais. Mas temos evoluído, antes eu não poderia andar na rua como me apresento, eu apanharia, agora a violência é velada, está em olhares e comentários preconceituosos”, conta. 

Tais julgamentos limitam seu direito de ir e vir. “Eu não gosto de sair de casa de domingo de manhã porque tem muita igreja. Outro dia jogaram uma bíblia na minha cara gritando ‘Jesus te ama, vai se converter’. Aprendi a me esquivar de certos lugares. Também tenho trauma de hospitais. Uma vez a atendente da UBS não aceitou meu nome social, mesmo com ele registrado na Receita e começou a falar alto que meu nome não podia ser aquele e que o mundo está de cabeça para baixo”, conta.

A coordenadora de Políticas Públicas LGBTQIA+ de Ribeirão Pires, Elisângela Liu, vê avanços, mas muito aquém do necessário. “Os dados do censo são importantes para identificar barreiras para as pessoas LGBTQIA+ nos eixos de cidadania, violência, saúde, educação e mercado de trabalho. Precisamos de um diagnóstico dessa população para vermos a escolaridade dessas pessoas, quem está em situação de vulnerabilidade, para encaminhar para programas sociais.”


COMO PARTICIPAR

A coleta de dados será realizada de forma presencial e online, por meio de visitas domiciliares e ações em espaços públicos estratégicos. Equipes capacitadas, compostas por pesquisadores da UFABC e integrantes da Rede Amalgamar, serão responsáveis pela aplicação dos questionários e pela sistematização das informações coletadas. O link do formulário digital é https://forms.gle/EfvRo81w7Q7NU8hQ8.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga. Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga.
;