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As empresas e os influenciadores
Patricia Punder
26/02/2025 | 09:41
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Acompanhamos, em 2024, muitos casos envolvendo influenciadores digitais. Assistimos situações de prisões, divulgação de jogos on-line proibidos, fraudes em sorteios e até lavagem de dinheiro. Claro que não podemos generalizar e afirmar que todos os influenciadores digitais atuam de forma antiética e/ou ilegal. 

Todavia, podemos afirmar que muitas empresas que contrataram os influenciadores digitais que passaram pelas situações acima mencionadas sofreram abalo em sua reputação. Quando uma empresa vincula a sua própria imagem ou de seu produto a um influenciador digital significa que ele/ela utiliza de seu poder de influência para divulgar a imagem ou o produto. Tudo o que acontecer negativamente na vida do influenciador digital automaticamente será vinculado a imagem ou produto de uma empresa.

Afinal, o papel do influenciador digital é divulgar marcas e produtos para seu público próprio, indicando que se a utilizam em seu dia a dia. Que os mesmos fazem parte de sua primeira e única escolha em sua própria vida cotidiana. Por este motivo que as empresas buscam influenciadores que tenham o maior número de seguidores. Se a bolha de seguidores comprarem a ideia desta vinculação entre marca ou produto com a vida do influenciador, tais seguidores irão comprar os produtos e também indicar em suas próprias comunidades profissionais e pessoais. Aumentando assim ainda mais a visibilidade da marca ou do produto e gerando a conversão de vendas.

Teoricamente, as empresas deveriam contratar influenciadores digitais que possuem valores sinérgicos aos seus, até para não soar falsa a divulgação. Entretanto, não tem sido isso o que acontece. O influenciador que estiver em cima da onda em determinado momento é o escolhido. Claro que já existem empresas que atuam com segmentação da divulgação de sua marca e produtos, de forma estratégia, mas não é o que de fato acontece na maioria.

As crises reputacionais decorrentes da contratação de influenciadores digitais podem impactar diretamente as empresas em diversas frentes. Associar-se a influenciadores sem alinhamento estratégico pode resultar em perda de credibilidade, afastamento dos consumidores, boicotes e desvalorização da marca ou do produto. Ademais, polêmicas associadas aos influenciadores podem viralizar (e de fato viralizam), exigindo respostas rápidas para conter o dano.

Conclusão, as empresas têm que ter ainda mais cautela na contratação de influenciadores digitais. Entendo que a maioria não quer, de jeito nenhum, deixar de aproveitar um excelente momento de um influenciador que esteja em alta no mercado. Afinal, querem vender e ter lucro. E as mídias sociais permitem a conversão de influência em compras. Cada like vale muito. Mas, os riscos reputacionais existem e não podem ser menosprezados. O lucro deste mês pode ser o prejuízo do próximo.

Patricia Punder é advogada e compliance officer com experiência internacional. 




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