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Cemitérios ganham cores e visitantes com término das restrições

Depois dos protocolos rígidos do ano passado, famílias voltam a levar flores aos túmulos para homenagear os parentes no Dia de Finados

Thainá Lana
Do Diário do Grande ABC
03/11/2021 | 08:44
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Celso Luiz/ DGABC


As famílias que não conseguiram se despedir dignamente dos seus parentes durante a pandemia, pelas grandes restrições em velórios e cemitérios, puderam, ontem, enfim, prestar as homenagens que estavam guardadas no peito. Com a reabertura sem restrições dos cemitérios, os jazigos voltaram a receber flores e os espaços ganharam novas cores no Dia de Finados. Durante a terça-feira, centenas de pessoas deram adeus pela primeira vez às vítimas da Covid, que foram enterradas sem a oportunidade de despedidas, mas também houve reencontros de tantas outras que perderam alguém há muitos anos.

O tempo instável não impediu o grande movimento de pessoas nos cemitérios Curuçá e Saudade, ambos em Santo André, e Vale dos Pinheirais, em Mauá, onde a equipe de reportagem do Diário esteve presente. As medidas sanitárias obrigatórias foram respeitadas, como uso de máscara e distanciamento físico. 

Sentada em banco no Cemitério Curuçá, em Santo André, Maria Aparecida Pinto, 64 anos, descansava as pernas após visitar o túmulo da irmã e do cunhado, que faleceram este ano – a irmã, Angela Virgínia Pinto Roque, 65, foi vítima de AVC (Acidente Vascular), e o cunhado, Marcos Roque, 72, veio a óbito por problemas no fígado. Essa era a última parada do dia da dona de casa que já havia passado no Cemitério da Saudade, também em Santo André, para prestar homenagens ao filho mais velho, Carlos Renato Pinto de Moraes, que foi assassinado com 24 anos, e ao marido, José Silva Cereja, que faleceu com 63 anos em acidente de caminhão na Rodovia Mogi- Bertioga. 

Para ela, o Dia de Finados é muito significativo, pois é o momento de conexão e respeito com aqueles que já se foram. “Me falam ‘você vai lá (no cemitério) e não vai ver nada’. Mas não é esse o significado de Finados, é sobre o respeito que temos pelas pessoas que já se foram. Vou prestar minha homenagem e sentir a presença deles e eles também irão sentir a nossa presença. Tem tantas datas que comemoramos, Natal, Dia das Crianças e tantas outras, e, porque não o dia dos mortos?”, desabafa Maria. 

No ano passado ela não deixou de visitar os familiares, mesmo durante a pandemia. “Gosto de vir todos os anos, é importante para mim. Mas esse ano está diferente, tem mais gente, agora que as pessoas estão vacinadas elas se sentem seguras para sair. Esse ano também tem missa, diferentemente do ano passado. Fica mais bonito assim, quando outras famílias também podem homenagear os seus que partiram”, continua a andreense. 

Essa mesma tradição também se mantém na família Alves, porém, a pandemia impediu que Joana Alves da Silva, 80, pudesse visitar a irmã no ano passado, já que o medo do contágio falou mais alto e a homenagem teve que esperar. “Ano passado não consegui vir por conta do medo da pandemia, já que tenho 80 anos e fiquei com receio de sair para visitar minha irmã. Esse ano já me senti mais confortável, com as duas doses da vacina, para continuar com a tradição de trazer flores para ela e prestar minha homenagem”, conta Joana, no Cemitério Vale dos Pinheirais, em Mauá.

Missas e música alegram ambientes

Para receber o público com conforto, os cemitérios da região voltaram a sediar missas. As celebrações ocorreram ao longo do dia em Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema e Mauá. Em São Bernardo teve apenas uma missa no Cemitério Carminha e os equipamentos de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não tiveram celebração religiosa. 

O Cemitério Vale dos Pinheirais, em Mauá, que é particular, apostou em alguns serviços extras para deixar seu público mais à vontade durante as homenagens. Diversos violinistas distribuídos por todo estabelecimento tocaram músicas ao vivo ao lado dos jazigos e embalavam com emoção as despedidas dos visitantes. 

Além da música instrumental, o estabelecimento também ofereceu atendimento médico. Em uma tenda, 15 profissionais realizaram aferição de pressão e glicemia do público. Durante o dia, 611 pessoas fizeram os exames, número ficou acima da expectativa, conforme explica a professora de enfermagem Débora Rodrigues Bianchi Caetano. “Desde o começo da manhã recebemos grande fluxo de pessoas, não estávamos esperando que o cemitério estaria tão cheio, realmente foi uma surpresa. Por volta do meio-dia já havíamos realizado cerca de 200 testes de glicemia e muito mais medições de pressão”, conta a profissional. Os casos com resultado alterado eram orientados a procurar um pronto-socorro.




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